quarta-feira, 7 de maio de 2008

UMA BRASTEMP DE MÃE.



Mãe é assim uma Brastemp, portanto, merece todo e qualquer sacrifício. Robson Wilson entrou feliz da vida no famoso magazine para fazer a compra dos sonhos de sua mãe. Havia juntado um dinheiro suado para dar uma gorda entrada e depois dividiria o restante em suaves prestações.

Logo que entrou foi abordado por uma atendente que devia ter saído diretamente de uma propaganda de creme dental. Pois seu sorriso era de orelha a orelha.
- Boa tarde! Em que posso ajudá-lo colega? Meu nome é Katileine Madalena.

- Oi, eu quero comprar uma máquina de lavar roupas.

- Chegou a lugar certo! Com 8 kilos?

- Não, uma só com a máquina mesmo, nada dentro.

- Sim... Mas com capacidade para lavar 8 quilos de roupa! Ela é ótima. Lava, deixa de molho, centrifuga que a roupa sai praticamente seca. E ainda te faz companhia.

- O que, me faz companhia? – Robson Wilson arqueou as sobrancelhas em descrédito.

- Pense em você sozinho em casa, desolado, mas escutando o barulho da máquina. Não há como ter medo. Você tem companhia! Porque eu morro de medo de ficar sozinha em casa.

Robson Wilson preferiu ignorar tal comentário. Até mesmo porque ele não tinha intenção de ser o melhor amigo de Katileine Madalena, para saber de seus medos. Decidiu rapidamente, fazer compras não era sua prática favorita. Por isso quis ser rápido da sua escolha. Seria então, a tal dama de companhia mesmo.

- Então, qual será a forma de pagamento?

- Darei uma entrada, e depois dividirei no cartão de crédito.

- Ah, não! O senhor estará muito melhor se fizer nosso crediário! Nossos carnês são os melhores em juros! Vamos que vou preencher sua ficha.

Minutos depois ele se viu sentado a frente de Katileine Madalena respondendo coisas que até Deus duvidaria.

- Qual é a sua renda mensal fixa?

- Uns 800,00 reais.

- Ah então vamos colocar R$ 1300,00 que assim eles te dão mais crédito. Vamos fazer o seguro de mais dois anos pela loja? Pense bem! Antes de responder, é ótimo ter a segurança de ser um assegurado!

- Não, eu não quero. – Robson Wilson já estava com seu saco na meia para falar o português claro.

- Seguro de vida? Seguro desemprego? Seguro caso você se divorcie, podemos assegurar que a máquina ficará para você!!!! – Katileine Madalena era muito animada em seu discurso.

- Não. Não. E nem casado eu sou! A máquina é para minha mãe!!!

- Ah é? Dia das mães né? Presentão!! Qual é o endereço de entrega? Cor do muro da casa?

- Rua Nipodemicos Abrantes, 777, Jd. Casalandia. Cor do muro? Ai, um tipo de verde...

- E a cor do muro da sua casa?

- Mas a entrega é na minha mãe, para que precisa saber meu muro?

- Não, não isso não é para a ficha, é porque ontem vi uma matéria que filhos tentam fazer das suas próprias casas cópias fiéis das casas dos pais, para sentir menos desamparo.

Robson Wilson desejou intensamente ter dinheiro para mandar semanalmente a roupa de sua mãe para a lavanderia. Respirou fundo, e tentou ainda sorrir para simpática vendedora. Sabia que sua compra ainda se prolongaria por muitos longos minutos, mas sabe como é, sua mãe era como uma Brastemp. Valia o sacrifício.