quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


ANO NOVO ( TRÂNSITO VELHO...)

Suellen Tânia já não aguentava mais. O calor era infernal. As crianças estavam irritadas. E nada tinha cara de férias, só de aborrecimentos. Estavam indo para a praia no dia 30 de dezembro a fim de como todo bom brasileiro passar o ano novo pisando na areia e renovando as energias. Porque ate chegar lá não havia energia positiva que bastasse.

- Alfredo Tadeu para de colocar nessa porcaria de rádio de noticias, deixa na música, que coisa! Esse locutor fica falando que está trânsito, ohhh grande, descobriu América o bonito, se ele não me falasse eu não iria perceber sabia?

- Ai Tânia Suellen para que este estresse? Estamos de férias. Curta o visual.

- Que visual Alfredo? Que visual? Será que só eu que estou vendo tudo esbranquiçado aqui?

- Manhê, eu to surda! - Leandra Laura falava colocando a cabeça para trás em tipica pose de manha.

- A Lela é uma burra! A Lela é uma tontona! - Alfredo Tadeu Jr. Não pensou duas vezes em disparar contra a irmã.

- Manhê olha esse besta!!!

- Ué, ela disse que tava surda, como é que ouviu o que eu falei !

- Vocês querem parar ? Filha tampa o nariz e força pra desentupir o ouvido.

Nesse momento ao lado para um carro lotado de garotos com óculos espelhados, de bermudas coloridas e cabelos espetados cantando uma música que ela só entendia as finalizações “la la la chegou... la la la amou.... la la la bate na palma.... la la la dói na minha alma...”. Na verdade, ela estava pouco interessada na poesia daquela melodia medonha. Queria mais que a fila deles andassem e eles pudessem sair logo dali.

Passando também ao seu lado havia também vendedores ambulantes, vendendo todo tipo de coisa: cocada branca, queimada, carregadores de celular, biju, agua, cerveja , pica paus de pelúcia...

- Lela você tomou banho antes de vir? Ta com cheiro ruim!

- Manheeeeeeeee olha o Tadeco! Fica falando que eu to com cheiro ruim.

- Não é meu filho, esse cheiro vem dos pneus dos caminhões que tem que ficar freando o tempo todo e gasta a borracha.

-Ahaha achei que era a Lela fedorenta!

- Manheeeeeeeee!

- Ai Lela para vai, também não precisa ficar choramingando.

- Lela sabia que a praia vai ter tubarão?

- Não vai nada!

- Logico que vai !

- Para seu idiota, não vai ter tubarão nenhum!

- Oh mãeee não é verdade que a vó me deu uma bóia de tubarão?

- É meu filho, é verdade. E uma de golfinho para sua irmã.

- Falei ! - logo Alfredo Tadeu Jr. Fez uma cara de garoto sabido.

Leandra Laura mostrou a língua para ele.

- Pior que eu to começando a ficar com fome. - Alfredo Tadeu fez uma cara de contrariado.

- Mamãe mandou uma torta.

- Pelo amor de Deus, amor, as tortas da sua mãe me dão azia!

- Como você é ingrato Alfredo Tadeu. - a esposa virou-se para a frente tentando concentrar em ver ate onde o transito ia e foi quando viu fumaça saindo do capô do carro.

- Pronto, ferveu. Agora vamos ter que parar um pouco.

- Manhêê quero fazer xixi, to apertada!

- Papai vai ter que parar o carro e aí vamos ali no matinho e você faz.

- Ahaha o bicho vai morder tua bunda Lela!

- Família animo, é Ano Novo! - Alfredo Tadeu tentava manter o controle da sua família... (em vão.)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009


FODEU

E aí você pensa: “FODEU.”


Simples assim. Sem educação desse jeito mesmo. Desculpa mãe por eu ser desta forma.

Porque no momento não teria outra expressão que fosse condizer.


Seu dia está absurdo de corrido. Pensa nas 380 coisas que tem para fazer e você têm 24 horas. Você tem também a noção que 380 coisas não cabem em 24 horas. O que você pensa? FODEU!


Tudo começa pela manhã. O seu despertador (amigo, que você adora tantooo) para te ajudar não toca. Então, você acorda (por sua conta) sorrindo, aquela fresta de sol batendo no seu rosto, e pensa:”PUTZZZZZZZZZZ, fodeu, que horas são?”. É minha querida, tarde demais para começar o seu dia. Como uma louca saio a busca de tudo que precisarei para o longo dia que está por vir.


E quer saber? Vou contar com detalhes. Fechem os olhos enquanto é tempo. Vou contar mesmo. Eu disse que sai correndo para pegar tudo não é? Ah ledo engano. Sabem o que eu esqueci? Esqueci a droga do meu sutiã! Creiam se quiser. E sabe qual é o problema de esquecer? É que vou ter que usar a droga de uma camisa branca logo mais no evento a noite. Bom, ok, paciência na hora do almoço compro um sutiã. (Não vou entrar em detalhes como estou vestida, ou se estou vestida, problema da imaginação de vocês. Cada um com os seus, eu já estou com muitos para mim).


Continuando saio de férias daqui dois dias. Calma. Não pule de felicidade e nem me dê parabéns por isso. Porque no meio desses dois dias 2012 está para acontecer. Imagina tudo que tenho que deixar pronto para esse mês que estarei ausente. Quantos tutoriais de procedimentos que faço com a mão nas costas, mas que os outros não sabem nem por onde começar?


Ta achando bonito né? Nossa que moça batalhadora. Ah fala sério! Seguindo com o ritmo aos 45 do segundo tempo, para o evento de hoje, a minha amada cliente me diz: “Mas nãooooo, eu não quero as recepcionistas de terninho preto, eu quero de roupa caribenha!”. “Ah claro querida, vou pedir emprestado para a sua mãe!”. Inspira azul, solta vermelho. Inspira azul, solta vermelho.


Cliente que liga pedindo prorrogação de nota. Cliente que tem que pagar a nota e não atende o telefone. Bom, “clientes” já falei deles em outra oportunidade passada, certo?


Sua chefe estressada em um ponto que você passa acreditar que a culpa da queda do dólar é absolutamente sua. Que mais ainda, fui eu quem escrevi o discurso sobre guerra que o Obama fez após ao Nobel da paz que ele ganhou. Ou pior, fui eu quem vendi o vestido para Geyse.


O seu email resolve bloquear dizendo que a senha (que você usa a mesma há mil anos) está incorreta. “Por favor, entre em contato com o SAC”. Sabem o que é SAC, não é? "Sofrimento ao cliente".

Ainda há a lista de emails dos fornecedores e clientes para atualizar e mandar cartões de natal. Alias, tenho ainda que criar o cartão de natal!


E quando tudo está o caos o bastante para você pensar em virar uma freira enclausurada e abrir mão de tudo, eu me lembro: “FODEU hoje é dia de escrever no blog!”


Está aí o texto, gostou, gostou, não gostou passa daqui 15 dias.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A MINA DO GUSTAVINHO


Entrou naquele ambiente, como ela poderia dizer? Rústico? Era "daquele jeito", um salão apertado, reboco aparente, chão batido ... O que eles queriam lembrar? Uma lage? Um quintal? Ela enguliu seco e tentou não se arrepender de ali estar.

Olhou a sua volta e buscou entender por que boa parte das mulheres que frequentam o samba gostam de ter aparência que não tomam banho. Aquele cabelo emaranhado, aquela saia comprida surrada, aquele chinelinho de dedo de dar dó. Dó do pé preto. Gente, não tem dinheiro pra comprar roupa pra ir na balada não vai né? Aquele "baticumdum" era eterno e as letras das músicas ela nunca tinha ouvido antes. Se dissessem que haviam feito meia hora antes dela chegar, ela acreditaria. E no fim todas eram meio que iguais, falando de "até o dia raiar" , "vem pra roda" ou "bate na palma da mão".

Todo samba tem seu gringo. Todo gringo quer ter a ginga. Mas ginga e gringo não combinam, alguém avisa? Mas ele não desiste ! Fica lá com uma mão ele levanta a cerveja e a outra ele aponta o indicador em movimentos alternados descendo e subindo. Com uma felicidade tamanha quando a música tem "la la ia" e ele pode cantar junto.

Mas assim ia a sua noite, cheia de situações a sua volta que Laysa Valkyria só observava e quando ela ja achava tudo realmente ruim, soube que poderia piorar. Dois caras se aproximaram de onde Laysa Valkyria e suas amigas se encontravam. Um deles usava um chapéu de pananá, uma camisa de seda aberta e tentava fazer um estilo. Um estilo otário sabe? Foi chegando cheio de molejo ou devia dizer andar de bebado? E foi perguntando se inclinando a elas:

- Posso?

"Pode o que, oh doido?" Laysa logo pensou.

- Posso conhecê-las? - ele completou a frase ao perceber nenhuma entrada diante sua primeira tentativa, enquanto seu amigo apenas limitava-se a dar goles curtos em sua cerveja.

- E se eu disser que não?

- Ah vá! Você não seria chata assim!

- Ahhh eu seria sim!

- Você ta falando assim porque está me reconhecendo não é?

- E você é o famoso quem?

- Eu sou músico! Uma dupla sertaneja.

- Famosa? Não te conheço.

O papo por si era irritante, e então, ele conseguiu achar uma forma ainda mais irritante de querer se mostrar, não faltava mais nada mesmo para Laysa Valkyria do que ter que aguentar em um samba, um bêbado cantor sertanejo. Mas neste momento ele a olhou de uma maneira diferente e fez parecer que algo tinha-lhe surgido em mente.

- Hey você é a mina do Gustavinho!!

O semblante do amigo neste minuto também clareou, como se igualmente reconhecesse Laysa Valkyria! E nem mais dois segundos se passaram em respeito ao tal do Gustavinho, ambos se despediram e sumiram diante aos "sambalelês" do salão.

Laysa Valkyria não tinha a mínima idéia de quem seria Gustavinho, mas naquela hora achou perfeito ser a "mina" dele.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

A COMÉDIA DA VIDA PRIVADA

Hoje em dias as crianças que escutam da sua tia gorda: “Ah como ele é engraçadinho.”, o olho logo brilha e já pensa logo: “Vou largar a escola porque, sendo assim, eu já tenho profissão! Vou ser comediante de Stand Up.

Pensa numa mamata. O cara vai ao teatro com a roupa do corpo mesmo. Sem grandes produções. Ou de repente pra ele, ele ta produzido. Esses dias fui ver uma, o cara estava com uma dessas camisetas que tem um smoking desenhado, que por si só já é meio brega não é? Mas para melhorar (ou piorar) tinha um sinal de negativo e um de positivo em cima. Tudo bem, dou-lhes uns segundos para refletirem. E então? Chegaram a alguma conclusão da camiseta do rapaz? Enfim.

Mas continuando, o sujeito vai lá, sem nem precisar de um cenário e começa falar um monte de besteiras. Já reparou que eles têm sempre que tornar uma coisa normal, desconexa? Fazem uma ligação louca ou dúbia de uma coisa com a outra. E as pessoas riem do absurdo que seja. Exemplo: “OMO MULTIAÇÃO para lavar a alma do São Paulino” . E as pessoas riem.

Todo comediante de stand up tem twitter. E, por vezes, não há nada mais irritante do que twittes de comediante de stand up. Porque o cara acha que ele tem que ser engraçado o tempo inteiro, e aí começa a fazer comentários de coisas que não são para ter graça: “O que? Caiu o minhocão? Ah antes o de lá, do que o meu!”.

Acho que o maior medo desses comediantes é de não fazerem ninguém rir. Mas isso também é quase impossível, porque sempre tem um “foda-se” para salvar. Ele conta uma piada, ninguém se manifesta. Aí ele diz: “Não vão rir? Foda-se, já pagaram ingresso mesmo”.

E na platéia desses espetáculos? Sempre tem aquele mala que se acha mais engraçado que o próprio comediante, e aproveita as brechas do silêncio para fazer um comentário em voz alta. Estapafúrdio na maioria das vezes. Por exemplo, quando quer mostrar que não achou graça na piada e ainda usar um termo da moda: “Nossa, ri litros agora”. E o comediante devolve: “Ah meu querido, você baba quando ri?”.

Fico pensando se esses comediantes comem alguém. Porque pensa, tirar a roupa para um cara desse deve ser o mesmo que doar sua vida para público. Quem me garante que ele não vai dizer em teatro lotado que tem um peito maior que o outro. Ou então que você geme como ambulância no cio (lembra do que eu falei no começo de juntar assuntos em uma ligação desconexa?).

Ou seja, o cara que faz stand up, é só mais um cara que tem a cara de pau o suficiente de rir da desgraça alheia, ou que faz da sua própria desgraça uma piada. Que abusa de frases feitas, que você ta cansado de ouvir, o final da piada é sempre obvio, mas acaba rindo porque neste caso, até rir é obvio. É o cara que vai sempre pegar um pra cristo e dizer que ele só come alguém porque tem dinheiro. Ele vai sempre falar da última atualidade em tom de gracinha (ex: Hoje eu to feliz, vi que existe algo menor que meu pau, a saia da Geyse). Resumindo, é o cara que se nada mais der certo ele sabe que ainda pode virar comediante.

O que? Achou esse texto irrelevante? Foda-se, daqui 15 dias eu volto, você queira ou não. Zagallo que sabe das coisas.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009



A CABANA

A Cabana é assim que nem coração de mãe. Sempre cabe mais um. Só quem já morou em república sabe como é isto. Porque república você sabe, do latim Res publica “coisa pública”. Ou seja, é um vuco-vuco, um muvucado, um “é só chegar e ficar avontz”.

Sou a moradora mais antiga da Cabana. E talvez por isso a mãe da história. A que cuida. Que pergunta se já comeu. Que pergunta se não vai por blusa. Ou se ta usando camisinha. Sim, eu sou uma mãe moderna.

Por aqui já se passaram diversas personalidades. Uma mais interessante que a outra. Já se passaram histórias de vida que me fizeram rir e chorar, cada uma com seu detalhe peculiar.

Tinha uma que comia por etapas. Ela fazia o prato de estivador do porto dela, e ia comendo aos pouquinhos. Comia um pouquinho, guardava no microondas. Daqui a pouco estava ela de novo com o prato na mão, comendo mais um pouquinho. Parava. Descansava. E lá vamos nós, comer mais um pouco. Tenho ódio dela, não engorda uma grama. NUNCA!

Tivemos também uma boêmia por aqui... Eram 03 horas da manhã, todas as pessoas do “horário normal de vida” dormindo, e lá vinha ela, chegando caindo, derrubando as coisas, levantando as mãos e dizendo: “Eu não to bebazzaa. Eu juro, não to não.” Uma vez ela assoprou o edredom achando que ele estava em brasa. Vou falar o que? Cada um com seu edredom e todos na sua.

Por aqui passou também a politicamente correta. “Vamos reciclar o lixo”. “Vamos fazer caminhada pela paz”. “Vamos salvar as baleias!”. Ela era praticamente a sindica da Cabana. Organizava reuniões para debater tópicos, do tipo: “Vamos decidir quem lava o banheiro esta semana.” Sinto falta dela na verdade, depois dela meu banheiro nunca mais foi o mesmo.

A Cabana já teve um morador “autista”, o mundo podia cair. O barraco rolar. O ET de Varginha dançar um tcha tcha tcha na sala. Que nada, mas nada o tirava do mundo paralelo em que ele vivia. Era preciso chamá-lo diversas vezes, para que ele reparasse em algo...

Uma grávida, também, esteve na Cabana. Oh Deus nos acuda! “Menina pelo amor de Deus não inventa de arrastar sofá”. “Larga esse copo de vinho, o que ta fazendo com isso na mão?”. E compra roupa do São Paulo, não compra roupa do Palmeiras! E de repente, nesta época todo mundo virou tio.

Ah já foram tantos os moradores. Tinha uma que o mundo podia acabar, desde que no seu final tivesse batatinhas para comer. Tinha (ou melhor: tem) o fantasma da casa, que é a Chinesinha. Uma japonesa (se a minha japonesa, tem o nome de Chinesinha, vocês não tem a ver com isso) que vive aprisionada numa xícara de porcelana e as vezes ela pega as coisas e some com elas por uns dias. Teve a moradora que para tudo ela tinha uma dor e um remédio. E três vezes na semana ela tinha que dizer: “Ai eu acho que vou adoecer.”

E os amigos dos moradores? Já entrei em casa e achei que tinha ultrapassado o portal do tempo e fui para o Woodstock. Tinham alguns hippies pela sala. Já entrei aqui e encontrei a galera do metal. Assim como já achei que o próprio Caetano Veloso estaria por aqui, porque encontrei aquela galera do violão que é linda ou não...

Morar em república é definitivamente aprendizado de vida. É aprender compartilhar. A ceder. A impor-se. Mas principalmente a amar. Cada um do seu jeito e forma. Com seu defeito e qualidade. Com seu barulho ou seu silêncio. Por isso, tenho certeza, só quem conhece a Cabana, sabe o que é estar aqui. Que seja então sempre assim, eterna (e especial) enquanto dure.


PS: Cabana, é porque originalmente seria a Casa da Aline, da Bruna e da Ana.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009



TWITTAR É HUMANO


Quando @CatiaCassia avistou sua amiga no pátio da faculdade, correu agoniada em sua direção.

- Amiga, amiga! Que bom que te encontrei!! - disse com a respiração alterada pela corrida que deu.

- Nossa amiga, o que aconteceu? - @LumaLuiza assustou com a afobação de @CatiaCassia.

- Tive um pesadelo horrível, amiga! H O R R I V E L !

- Ai credo, pesadelo... O que foi?

- Sonhei com a baleia branca!!! Foi horrível, acordei agoniada!

- Com uma baleia branca? Mas baleias são bonitas, qual é o problema de sonhar com uma?

@CatiaCassia arregalou os olhos como desacreditasse no que acabava de ouvir.

- Como “uma baleia branca”? ALOWWW. É a “BALEIA BRANCA” !!

A amiga fez cara de limão azedo e tentou não pensar que @CatiaCassia estava ficando louca. Achou por bem mudar de assunto, quem sabe assim ela se distraía do seu terrível pesadelo que tanto a atordoou?

- Amiga, achei linda essa sua blusa!

- Ah você gostou?? Eu adorei a cor, tive que comprar, é azul twitter...

- OH MEU DEUS! A baleia branca!! Não posso crer!! A baleia branca que você tava falando é do twitter! Que aparece quando da bug!

-Dãrd @LumaLuiza! Em que mundo você vive? Certeza que eu estou falando do twitter e “DA” baleia branca. Falando nisso, nem twittei que cheguei na facul. - e já foi logo pegando o celular na bolsa para tal feito - Ah hoje não vamos ter a primeira aula, ta sabendo NE?

- Não to sabendo de nada não. Quem te falou? - @LumaLuiza olhou-a desconfiada, não tinha recebido nenhum comunicado sobre.

- Só to de dando um RT do @teachermachadao mesmo. Você não segue ele?

- Me dando um “RT”?

- Aiii @LumaLuiza, você precisa se ligar mais heim. Que horror! “RT” é repetir o que alguém disse, helooww. Será que você pode acordar pro mundo? Desse jeito a galera vai dar unfollow em você heim.

- Quer saber @CatiaCassia? Fica aí twittando essas futilidades e repetindo a futilidade dos outros, que eu preciso estudar que tem prova na segunda aula ta?

- Hummm “mimimi”. Vai, vai ... Fica vacilando fora da moda, fica... Retwitte dado não se olha a procedência viu... E é de De twitte em twitte o profile se enche de followers... Nossa, bacana essa frase NE?? Vou logo twittar...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

OLIMPÍADAS 2016

Maria Marta vestia uma camiseta verde e amarela. Estava ajoelhada em frente a TV e batia palmas curtas e seguidas. Em seus olhos um brilho passeava e as vezes deixava escapar uns gritinhos de contento.

Quando Eder Gilson chegou em casa, dar de cara com esta cena foi algo que ele não compreendeu muito bem. O que ela estava fazendo ali vestida com aquela roupa gritante?

- Oi meu bem, ta tudo bem?

- AAAAAAAAAA !!!! Você já está sabendo?? “Sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor,,,”

- Ta me perguntando se eu já sei que é brasileira? Olha, meu bem, eu desconfiava disso desde que nos casamos, afinal não precisamos de nenhuma documentação especial por você ser estrangeira.

- Ah ah, super engraçado Eder Gilson... To falando do Brasil !!! To falando da Olimpíadas 2016!

- Ah, é disso? Isso é uma palhaçada.

Nesse momento Maria Marta se levantou, colocou a mão na cintura e o mirou com o olhar fulminante.

- Como é que é Eder Gilson?!

- Mio Amore, isto é só para embolsarem mais verba pública!! Você acha mesmo que os palhaços desses políticos que estão no poder vão conseguir estruturar tudo? Não tem por onde!

- O que não tem por onde é a sua ignorância! É por causa de pensamentos pequenos e estacionados como o seu, que nosso país se atrasa para ir em frente! Porque é muito comodista pensar que nada vai dar certo, em vez de arregaçar a manga e se oferecer como voluntário para ajudar. É muito difícil para as pessoas negativas, COMO VOCÊ, acreditar e até mesmo ajudar para que as coisas possam funcionar. Se cada brasileiro tiver a consciência da importância deste evento para a economia do Brasil, não diria tanta merda. É, ta olhando o que? Falei MERDA mesmo. Porque me revolta saber que dentro da minha própria casa tenho alguém que desmerece o próprio país que mora!

Eder Gilson estava pasmem. De onde tinha vindo tanta revolta e descontrole? Maria Marta falava visivelmente afetada. Calorosa em seu discurso mal se dava tempo para respirar enquanto falava.

- Meu bombom, presta atenção, você está sendo ingênua com todo esse discurso patriota. Que dia do mês é hoje?

- 07. - Respondeu ela seca e com o tom de voz de quem estava profundamente contrariada.

- Dia 07... Quinta passada , você tava... Se tava quer dizer que não... Então...

- De que droga você ta falando Eder Gilson?

- Nada minha chuca, to pensando alto, para ver se ta na época da sua TPM.

- Vai pro inferno ! Só porque tenho orgulho da conquista do meu país, só porque sei valorizar o lugar onde eu moro , só porque não sou mimada e absurdamente infantil em achar que qualquer outro lugar do mundo é melhor que aqui, eu tenho TPM? Quer saber? Vou te dizer um lugar bacana então para você dormir e acordar...

- Do que falando? - levantou a sobrancelha desconfiado.

- To falando do sofá Eder Gilson. Você vai dormir no sofá. E olha só, tem mais Sr. Judas. Não gostou? Porta da rua, serventia da casa. Ou melhor ainda, aeroporto, serventia do país. - dito isso ela se retirou da sala e adentrou ao seu quarto, atirando para fora o travesseiro dele e um edredom, para em seguida bater a porta. dood

quarta-feira, 23 de setembro de 2009


(A FALTA DE) ASSUNTOS

Tem dias que são assim, muita coisa sobre o que falar, mas o assunto morre a boca. Os acontecimentos não param e você mal tem fôlego para acompanhar...

Ontem foi o “dia mundial sem carro”. Ninguém aderiu. Ou quase ninguém. Ou BEM poucas pessoas. Afinal, é mais cômodo definir que este tipo de ativismo como inútil do que aderir e fazer da força a união. Se encostam à culpa do governo e assim todos seguimos escorados em desculpas. “O transporte público não comporta.” Ok, culpa do governo. Então, porque você não mora perto do seu trabalho? Você também complica, não é?

Dia 22 de setembro também foi o “dia do Amante”. Ah esse dia todo mundo quer comemorar! Sair a pé nem pensar. Mas o “dia do amante” são outros quinhentos... Bonito isso.

E o Manuel Zelaya? Com o que ele se preocupa mais: os chapéus Panamá dele ou com Honduras? Eu realmente acho essa “questão política” preocupante. Alias um comentário que nem vem ao caso mas... eu sempre tive a impressão que o Zelaya é o irmão perdido do apresentador Ratinho.

O mundo das piadas tem perdido um pouco da graça. Quem deixou o Rubinho ganhar? O segundinho preferido do Brasil, tem nos tirado o assunto nos últimos tempos. E aí, percebemos: “É realmente, o mundo está mudado.” O que vou contar aos meus filhos sendo assim? A F1 nunca mais será a mesma...

Por falar em fórmula 1 e nosso amigo Nelsinho “Bato Mesmo” Piquet? Agora Pat Symonds anda declarando por aí aos quatro cantos, que ele acreditou que fosse algo inocente que não prejudicaria ao time. Assim, como fazer chaminés estreitas não prejudicam ao Papai Noel. Como diria PE. Quevedo “Iscto non ecxiste!”. Mas enfim, cada um acredita no conto de fadas que quer não é?

Algumas novelas terminam, outras começam. E já que estou no assunto “variedades” aproveito o espaço para protestar. Foi só eu, ou mais alguém, sentiu-se com atestado de louca quando a Maya reencontrou o Raj? Aquela roupa vermelha, de onde veio PELO AMOR DE DEUS? Aquelas jóias? Baguanquelie! Há camelôs de roupa nas margens Gandhi? Porém, isso são águas passadas. Agora a moda é mesmo o Zé Mayer. Ah Zé. Ah se eu pudesse, você quisesse e o Brad não soubesse... Alguns dizem que ele é um feio ajeitado. Outros, um ator que deu certo... Mas o charme dele é algo sobrenatural. Simples assim. E se virou moda, é porque a voz do povo é a voz de Deus. Eu quero mais é ser Aline Helena, sim!

Mas há ainda coisas mais importantes para pensar, enquanto o mundo lá fora gira, para os brasileiros o campeonato de futebol pega fogo. Animadíssimas as rodadas, sendo disputadas ponto a ponto. E eu acredito que meu São Paulo vai chegar lá. OH SE VAI ! Neste domingo passado fui acompanhar os jogos em um barzinho, e é impressionante o poder da torcida! A torcida a qualquer outro time que não seja o seu. Se o time perder ou não, não importa, o importante é que os outros times também se ferrem. Essa é a regra.

Bom, vou continuar acompanhando os acontecimentos. No entanto, falei de tantas coisas porque realmente não tinha nada para falar, mas acho que vocês nem perceberam a minha falta de assunto não é? (Ou perceberam?). Enfim, daqui quinze dias eu volto... falando de algo interessante ou não...


quarta-feira, 9 de setembro de 2009


MEU BEM, MEU MAl.



Faz tempo que tenho sentido vontade de escrever sobre você, porque guardar o que eu sinto já tem me feito mal. Pois, na verdade, tenho dúvidas SE ESTE amor me faz bem.

Com você me sinto impulsiva, destemida, inconseqüente... Sinto que posso. Faço. E quero. Ah se quero! Você me faz querer muito. Querer mais. Querer-lhe de tal forma, que seria impossível pensar em mim sem você por perto.

Sua cor dourada, sua falta de limite, lhe torna tão atraente, que chego a perder fôlego de pensar!

Você é assim tão irresistível que tenho raiva. Porque tenho toda consciência que com você não tenho futuro. Que as noites que me faz passar insone poderiam ser evitadas se eu tivesse um pouco mais de controle da situação. Se eu soubesse não gostar de você... Pois, por você perco até meu nome.

Só que com você sigo. Com você vou. Com você quero ir além!

O prazer que me dá, só você sabe como exatamente fazer. Seus feitos me enchem de sorrisos. Deixam-me com meu intimo saciado de uma forma que eu nem poderia explicar.

Algumas pessoas são contra a nossa relação. E na verdade, não as culpo. Você tem sido um vicio para mim. Mas como lutar contra o amor? Como deixar de te querer quando só você é alivio para a vida corrida que tenho levado?

E talvez, se eu ainda precisar amar-te escondida, eu farei. Se eu precisar te amar em silêncio, eu farei. Porque atire a primeira pedra quem resiste ao seu charme.

Enfim, passaria dias falando sob seus efeitos sobre mim, mas sei que talvez em algum momento posso realmente perder a cabeça e lhe perder, meu amado cartão de crédito!

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

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A GOSTOSA


Joicy Cleide andava distraída pela calçada pensando em seu desafortunado momento de ter sido abandonada pelo namorado, enquanto ia a caminho a clínica de estética mais próxima de sua casa levantar o seu moral.

E foi quando passava por uma pequena reforma em uma casa que ouviu um barulho semelhante ao sugar de um canudinho seguido de um, “Gostosa”. De imediato Joicy Cleide parou, e lentamente absorveu a informação. Olhou para trás e procurou o responsável por aquilo.

- Hey, foi você? – Se dirigiu ao moço encostado no muro, provavelmente aproveitando a sombra, enquanto descansava em seu horário de almoço.

- A senhora me “adesculpe” viu, mas é que não vi outro jeito de dizer que é “boniteza” por demais.

- Repita o que disse. – ela estreitou os olhos dando ao moço um medo do que estaria por vir.

- Ah não leva mal o modo de falar...

- S-Ó R – E – P – E – T – E .

- Falei que a senhora é gostosa... – Disse ele, no momento, já tímido.

- Como chama?

- Dílson Cleber, a sua serventia.

- Então, Seu Dílson Cleber, acha mesmo isso?

- Com todo respeito!

- Sei... Mas olha aqui, não acha que meu quadril ta muito grande?

- Ta nada, mulher boa tem anca larga! – dito isso Dílson Cleber corou em seguida – Com todo respeito a senhora, claro.

- Sei. Olha aqui, essa parte. O culote, ta vendo? – Joicy Cleide insinuava a ele a parte externa da coxa. – Não acha que ele ta sobressaindo demais a coxa?

- Oh Dona, para com isso, homem que é ver carne mesmo. Magrela só a bicicreta que eu uso!

- Ta. Meu peito ta caído?

- Ai ai ai, a Senhora ta se sentindo bem? Não posso também ficar assim, falando dos seus peito, não, né?

- Pode sim, e vai falar Seu Dílson. Está caído não é? Eu sabia!!! Eu tinha certeza disso. Só pode ser por isso que o Tobias Eugenio me largou...

- Tobias Eugenio?? Olha, nem sei quem é. Mas não deve ser por isso não. Pra bem dizer os peito da senhora são pequenos, mas são sinceros né?

- Acha que isso vale? – perguntou ela baixinho, desconsolada.

- Ah vale, essas mulher de bola de capotão no peito, não ta mais na moda não.

- Hum... Seu Dílson Cleber, meu cabelo, essa cor ta feia?

- Olha Dona, não sei qual é o problema da senhora não, Mas não to aqui para ser esse consultor aí que a senhora ta achando. Eu heim. Se eu soubesse que a senhora me faria esse monte de pergunta, nem tinha falado pra senhora que era gostosa. Meu almoço acabou e eu tenho é que “trabaiá” viu. A senhora parece que já ta com a vida ganha.

E assim, Dílson Cleber, marchou para dentro da casa, sem dar mais ouvidos ao apelo de Joicy Cleide.

- Mas Seu Dílson, só mais uma vez, fala de novo que eu sou gostosa!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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A CASA DOS HORRORES (Vulgo, loja de celular)


A sensação que tinha é que se preparava pra guerra. E um leve mau humor já começava a pairar no ar. Afinal, quem gosta de entrar numa loja de telefonia celular? Mas ainda assim lá foi ela, munida de muitas armas: RG, CIC, comprovante de residência, nota fiscal do aparelho, última conta paga, e a calcinha vermelha. Sim, sua calcinha da sorte.

Logo que Agatha Marianny entrou na loja já se deparou com a típica situação... Um rapaz nitidamente alterado gritava ao telefone:

- Meu nome é Jesse James!!! Jesse James!!! Jota-e-esse-esse-e E E E!!! Minha filha, eu não quer que eu passe por esse celular e vá te fazer usar um cotonete, não é? Você já perguntou meu nome mil vezes e resolver meu problema que é bom, neca de pitibiriba!

Agatha tentou ignorar o primeiro de costumeiros surtos dentro de uma loja como essa. Se dirigiu a primeira funcionaria livre e perguntou:

- Moça, por favor...

- Senhora, já pegou a senha?

Ela respirou fundo, olhou a maquina de senha na entrada da loja desanimada, primeiro sinal que não seria nada fácil mais uma vez. De novo. Novamente foi ela então buscar seu passaporte para irritação!

Sentou, e começou a observar o Jesse James, ele ainda berrava, mas desta vez é de que não queria mais falar com nenhum atendimento eletrônico, e sim com pessoas que falavam, respiravam e tinham coração. Além de preferência ser supervisor.

Neste momento, Agatha Marianny teve a idéia de perguntar apenas, se eles saberiam já resolver seu problema e se valeria ficar esperando. Resposta que ela, nu fundo, bem intimamente já tinha.

- Por favor?

O atendente sem nem olha-lá:

- A senhora já pegou a senha?

- Sim, já peguei, mas só quero saber se tem o que eu quero, porque senão nem fico. Queria saber se tem chip virgem para eu colocar meu número antigo, roubaram meu celular.

- A senhora já bloqueou sua linha? Caso não tenha feito, é só ligar dali do telefone, quando aquele moço terminar de bloquear a dele. Teve medo de olha-lo, mas o fez. A sensação que teve foi de uma caveira encostada na parede, com algumas teias de aranha, insinuando que estava ali há muito e muiro tempo.

Neste instante, entra na loja um senhor de cabelos grisalhos, porte grande, terno bege e um lenço Flamboyant , como todos, vai ao primeiro atendente:

- Meu querido, por favor, eu queria...

- O Senhor já tem a senha?

Eu, Jesse James, o Sr. Caveira e a outra atendente apontamos para a máquina na porta da loja.

O senhor visivelmente contrariado pega o papel quase com nojo e em seguida dispara a falar:

- Mas eu só quero um telefone! Quero um telefone fácil ! Bem fácil! E só para comprar um telefone simplesinho. Por favor, é só um telefone, vocês tem um telefone para que eu só possa ligar? Só um momentinho para me atender, não quero um telefone com muitas coisas! Aqui tem toilette ? No momento eu só quero um toilette! Deixa eu ir no toilette! Porque uma loja bonita tem que ter toilette! Vou ter que esperar mesmo, então, só preciso ir no toilette! Alias, eu sou idoso! Vocês não tem preferencial ao idoso? Ahhh mas eu só precisava de um telefone.

Enfim, mediante ao caos que começava se instalar na loja, Agatha Marianny pegou sua bolsa, juntou no corpo e marchou para fora. Um pré-pago qualquer em uma loja de departamentos resolveria seu problema.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

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A CLIENTE

Trouxa.

Isso mesmo. Simples assim. Se você não é patrão, você é trouxa. O trouxa preferido do cliente inclusive. Porque este, ao modo peculiar e carinhoso dele, ele te ama. E não te larga. Nem que você queira.

Odinovaldo Artur era mais um desses assalariados com muitos sonhos de crescer na vida, porém, a única possibilidade que conseguia enxergar no momento era de crescer a barriga das cervejas que bebia para esquecer.

O relógio marcava 09:05hs. Mas você acha que seu Outlook se importa com isso? Que você ainda mal acordou e não tomou sua primeira (de muitas!) xícara de café do dia. Não, ele desdenha de você e em vez de bom dia, te diz “Recebendo 87 mensagens”. Tirando os 56 spams, 3 e-mails que seu colega ao lado que acha que são engraçados, 4 memorandos da empresa, o resto era de Ederlene Cristina, A Mala. Salve salve.

Ederlene Cristina era a típica cliente, que ao pedir o orçamento era simpática e te chamava de amor. Você quase tinha impressão que era tão sua amiga que a qualquer momento lhe pediria seu Orkut, twitter, facebook ou qualquer coisa que valha.

Mas depois, meu caro amigo, ahh depois... Só Jesus e Odinovaldo Artur saberiam descrever.

Pense em um layout pronto. Orçamento fechado. Detalhes acertados! E então, o barulho estridente do telefone soando:

- Alô, deixa eu falar com o Odinovaldo? (Sendo que ela sabe muito bem, que é ele quem atendeu, por ser seu ramal direto). Odinovaldooo (Pense, numa voz de travesti taquara rachada), eu tava olhando, não entendi por quê daquele detalhe no final, não queria assim (sabe aquele detalhe que você já explicou mil vezes que não HÁ uma possível forma terráquea de fazê-lo de outro jeito?). Ah e outra coisa Odinovaldoo, vamos ter que refazer os custos, meu diretor não aprovou (então, por favor, faça um desenho em três cópias do que quis dizer aquele “OK” no último email com orçamento enviado.). Odinaldo (Sim, cliente sempre troca o seu nome em um momento ou outro) mas hoje ainda ta pronto né? Preciso disso, querido! (Sim, clientes têm mania de achar que você tem a máquina do tempo e fará tudo solicitado “ontem”). Ah porque assim não dá quando eu pedi o orçamento eu dei os detalhes (Ah, mas é claro que deu, e os mudou, um por um, zilhões de vezes), preciso disso pronto! Meu diretor ta me cobrando ( E fala, fala, fala...) nosso cliente ta em cima de nós (se falasse menos, daria mais tempo de você trabalhar...), já me fez um monte de pergunta, e não sei não heim, não ta como ele me pediu (claro que não esta! Ela muda tanto, que nem sabe mais como o cliente dela pediu!).

Odinovaldo Artur desligou e a falação foi tanta que ele mal se lembrava da primeira recomendação. Ederlene Cristina tinha o especial talento de desconcentrá-lo. Além do seu talento de lhe causar dor de cabeça. E seu talento de fazer seu tempo não render. Ah, com toda certeza, a Ederlene Cristina era uma mulher de muitos talentos... Então, com tantos talentos porque ela mesma não fazia tudo, PQP (com o perdão da palavra)?

E o dia transcorria nesta “punhetação”, Odinovaldo Artur, se desculpava pelo palavreado mais uma vez, mas a esta altura onde ele tinha sido obrigado a engolir um sanduíche sem mastigar devido ao pouco tempo, por causa das exigências estapafúrdias de Ederlene Cristina, os escrúpulos que fossem as favas.

Assim depois de um dia inteiro de mil e-mails. Telefonemas insistentes. Perguntas idiotas. Respostas sob alguns sapos de Itú (SP) engolidos. Odinovaldo Artur olha no relógio e vê marcado às 18 horas cravadas. Sente pena de si mesmo. O horário é só ilusão, pois, como numa rotina sem fim ele tem a certeza que o telefone vai tocar, e Ederlene Cristina vai solicitar algo inadiável, para já, para ontem mais uma vez, que isso irá salvar os problemas do mundo se resolvido agora... Pois é claro, para a cliente Odinovaldo Artur não tem casa, dorme no trabalho. Não tem vida, a não ser que seja em função dela.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

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FANTASIA SEXUAL DE UM HOMEM (?)

Giselma Luzianne entrou no quarto devagar, degustando pensamentos que fervilhavam em sua cabeça. Olhou diretamente para o marido, que distraído via um filme deitado na cama. Chegou mais perto sem tirar os olhos dele que tão intenso foi, que ele a olhou de soslaio.

- O que foi Gilu? – perguntou Gelson Romário na verdade desinteressado na resposta, pois, o seu filme estava bastante emocionante.

Ela até ensaiou uma resposta e quase chegou a pronunciá-la, mas em seguida permaneceu calada, ainda saboreando um pouco mais suas idéias. Limitou-se apenas a continuar a olhá-lo.

Gelson Romário já estava incomodado em ser o alvo daquele insistente olhar.

- Fala logo, Gilu, o que você quer? Ah já sei, é dinheiro não é? Minha carteira ta em cima da mesa, pega lá.

Ela simplesmente sentou na cama com a postura ereta, jogou levemente o cabelo para trás. E somente balançou lentamente a cabeça em negativa.

- Então o que é?

- Eu queria te propor uma coisa Gelsinho... – disse com a voz de gata melosa.

Ele arqueou a sobrancelha, o tom de voz que ela usava naquele momento não era muito comum no dia a dia, ficou em alerta e consentiu para que ela prosseguisse.

- Gelsinho, queria realizar uma fantasia sexual, que eu tenho certeza que você vai adorar!

Na mesma hora Gelson Romário se endireitou e olhou pela primeira vez diretamente para ela. Aquela declaração era surpreendente. Não que o sexo entre eles fosse frio. Mas ele diria que em muitas vezes era apenas morno, e agora uma fantasia? Suas mãos suaram, e sua respiração tornou-se ofegante.

- Então, meu amor, eu queria te dar um presente, que tal você com duas mulheres na cama?

A pergunta foi como um soco nele, como assim Giselma Luzianne perguntando isso?

- Quem seriam as duas mulheres?

- O que? Como assim? Eu, uma delas, né Gelson Romário! – falou indignada, mas logo voltou ao tom rouco e sensual – a outra, a gente dá um jeito...

- Você? – Ele arqueou as sobrancelhas em descrédito.

- Sim, meu amor, eu... O que você acha? – perguntou insinuando o corpo pra frente como se oferecesse.

- Não sei não, por que isso agora?

Não podia ser, algo devia estar por detrás disto. Tinham 11 anos de casados, 2 de namoro e nunca, absolutamente nunca, ela havia cogitado nem um sexo na escada, quanto mais outra mulher.

Por um segundo Giselma Luzianne suspirou desanimada, mas logo retomou a pose de sedutora.

- Meu amor, imagina, eu e ela nos beijando pra você assistir?

- Eu beijo mal? Ta sentindo falta de outro beijo Gilu?

- Gelson!!!!! Claro que não. É apenas uma fantasia!

- Você está estranha Gilu, vou tomar banho, preciso buscar o carro no mecânico. Aproveita pra descansar um pouco, esse corre corre deixa a gente confuso mesmo.

Dito isso deixou o quarto e Giselma Luzianne com palavras e desejos morrendo nela...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

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A PASSAGEM DE MICHAEL JOSEPH

Abriu os olhos e viu um clarão. branco doía em seus olhos. Não se lembrava a quanto tempo dormia, e muito menos onde estava. Levantou-se e tentou enxergar um pouco além que seus olhos viam. Colocou os pés fora da cama e teve uma sensação estranha. Passava uma neblina por ali e o chão parecia ser fofo.

- Parece que ando na lua... - ele sussurrou baixinho.

- Não Negroide... você não está na lua.

- Negroide? Como ousa? Quem é você? Onde eu estou?

- Calma, não seja um mau garoto e mantenha a calma, te chamo de branquelo se preferir.

- Garoto mau? Quem é mau? Eu sou um bom rapaz, alias, você sabe quem eu sou? Só quero saber onde estou.

A pessoa que debatia com ele, era quase impossível de enxergá-la, pois, a luz era intensa e ia direto aos olhos dele, o deixando ainda mais confuso com tudo.

- Sem delongas querido Michael Joseph... Você caiu nos braços de Morpheu. Ou da morphina como preferir. Tratando de você, todo sexo é indefinido.

- Eu morri?? Você está de brincadeira comigo!! Gosto de brincar, de brinquedos, mas esta não está tendo a menor graça! - Michael Jackson desacredita na notícia que acabava de ouvir. - Estou no céu? Você é Deus?

- Chame-me como quiser... Deus... Todo Poderoso... O Rei... até de Billie Jean se isto te faz se sentir mais em casa.

- Oh mas que pesadelo, que terror ! Não posso acreditar que morri, tinha uma turnê marcada! Duvido que eu morreria assim! Prove-me, traga-me Jesus! - Michael Jackson retorcia ainda mais o rosto já desfigurado por tantas as cirurgias.

- Jesus... como assim meu caro? Jesus não virá para cá tão cedo, ele está bastante ocupado!

- Velando pelo mundo e crianças desamparadas?

- Você tem uma obsessão mesmo por crianças heim? Claro que não, Jesus está ocupado com sua amiga Madonna!

- Eu não posso morrer, você não entende?? Tenho uma turnê a fazer que me levaria ao topo! Acabo de comprar "Neverland 2"!
- Oh queridão, desapega que isso não te pertence mais. E me escute, você veio em boa hora, ainda a tempo de se eternizar como um excelente artista, apesar de suas bizarrices homéricas. O mundo agora é outro. Agora tudo é preto ou branco. Extremos. Ou absurdamente perfeito. Ou absurdamente ridículo. Ser o mesmo cara de sucesso já não basta mais. Logo você morreria no esquecimento. Hoje, outras coisas fazem sucesso. Quer um exemplo? O Brasil! O novo hit lá é Stephany, no seu Cross Fox. Ou algo ainda pior como Mirella Santos: “Chupa Essa Manga”.

- Oh, God!

- Pois não?

- Não, nada, foi só uma força de expressão. - disse Michael pensativo.

- Pois MJ, acredite em mim, te trouxe em boa hora. Agora estão todos lá em terra lhe rendendo homenagens enquanto a turnê de Londres não decepcionou ninguém, pois, vê-lo velho e debilitado no palco, faria mal a todos. Agora venha comigo, vamos conversar com Farrah Fawcett, ela está chateada com você por ter roubado o dia que ela escolheu para morrer. Sabia que ela estava fazendo um documentário dos seus últimos dias?

- Oh, mas eu não tive a intenção...

- Alias, por falar em intenção, quais eram suas reais intenções com minha filha Lisa Marie??


“Eu sou Stephany (No seu Cross Fox)”
http://www.youtube.com/watch?v=_Aqj5GmVThE&feature=related

Mirella Santos, “Chupa essa manga”
http://www.youtube.com/watch?v=W4IKFXx8QZs

quarta-feira, 17 de junho de 2009

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"E DE REPENTE DESCOBRIU...
(Ela tinha medo de voar de avião)"


Dulce Leila andava de um lado para o outro e repetia baixinho:

- Eu não vou. Eu não vou. Eu não vou, não.

Sandro Saymon suplicava ao céu paciência com sua esposa. Ali estavam eles na sala de embarque do aeroporto prontos para embarcar quando sua esposa surpreendentemente surtou e não queria mais ir a lugar algum.

- Buzunga, my honey, temos que ir!

- Temos nada! As únicas pessoas que realmente têm que ir são meus pais! São eles que vão “re-casar”. Ema-ema. Oh, oh nem aí se o resto vai. – ela falava e gesticulava com gestos de descaso.

- My girl, you know! Não é assim! – ele beirava o desespero – É importante para os pais ter toda a família em sua boda. Principalmente a filha. FILHA ÚNICA, Dulce Leila! For God Sake!

- E por que não fizeram aqui em São Paulo? – Ela o olhou falando muito sério.

- Porque eles moram na Bahia! Porque sua família é toda da Bahia! Plis, buzunguinha, o que acontece com você?

- Eu não entro nesse avião!

- I don’t belive! Zunga você nunca teve medo de avião.

Sandro Saymon desacreditava sua mulher nunca teve medo de vôos. Viajar para a Bahia era até corriqueiro.

- Buzunga, my dear, o avião é muito seguro...

- Foi exatamente o que disseram aos passageiros do 447!!!

- Ah ta explicado! Você está impressionada com este acidente, Darling. Fique tranqüila, nada vai acontecer, pense só na felicidade dos seus pais ao vê-la! Eu vou estar ao seu lado o tempo todo.

Dulce Leila olhou ressabiada como se pensasse na causa por um segundo, mas por fim tornou a dar o contra.

- Ah que romântico morreremos juntos. E-U N-Ã-O V-O-U. Tem papel e caneta Sandro Saymon?

- Não, por quê?

- Porque quero te fazer um desenho!

Dito isso, soou a última chamada para o embarque, eles se entreolharam tensos. Mas ela logo juntou suas coisas e saiu falando:

- Well my Love, eu vou para casa, mas se você quiser embarcar para Lost, a última chamada foi esta...

terça-feira, 9 de junho de 2009

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O VELÓRIO

Mario Mauro estava ali parado com o semblante sóbrio. A sua volta algumas pessoas choravam, se lamentavam e se consolavam umas as outras. Ele tentava dimensionar o quanto daquele momento ali vivido influenciava a vida de cada um. E foi nesta hora que ele entretinha-se com seus pensamentos que Magda Mariana adentrou o velório. Ela chorava muito, mal olhou o falecido sobre o caixão e parou do lado de Mário Mauro. Assim automaticamente ele sentiu vontade de saber quem era ela.

- Vai descansar em paz, era um bom homem. – Mário Mauro puxou o assunto.

Pela primeira vez ela o olhou. Mediu seu corpo magro, pelo branca como leite e cabelos espessos. Terminou pousando seu olhar magoado sobre os olhos dele e deu com os ombros.

- Bom, o cacete! Esse homem era o cão! Nasceu para me atormentar e morreu para me fazer feliz!

Mário Mauro indignou como ela podia falar assim dele? Justo naquele dia?

- Senhora me desculpe, mas quem é para falar assim dele?

- Eu? Pois é, quem sou eu!? Perdi a identidade quando dei minha vida a esse trouxa. Deixei de ser eu mesma, para ser quem ele queria.

- E o que ele queria que fosse? – ele estava bastante curioso sobre a ligação dela e do finado.

- Ih... Tanta coisa! Para esse cachorro eu fui enfermeira, aluna, policial...

Mário Mauro assombrou, estaria ela falando mesmo do que ele imaginava? Fantasias sexuais? Olhou para o morto e pela primeira vez sorriu. “Ah muleki doido!”.

- Ta, eu confesso, a jovialidade dele me encatava! Dava no couro sim! – O semblante de Magda Mariana por um segundo suavizou, mas logo tornou a ficar transtornado. – Mas de que valia? Era um ciumento doente!

Ele não entendia nada. Olhou mais uma vez o caixão onde ali ganhava o descanso eterno um homem de cabelos brancos, rugas bem marcadas, idade avançada. Jovialidade? Dar no couro? “Ah tiozão malandrão”.

Desta vez foi a vez dele mirá-la de baixo pra cima. Sua pele era moreno jambo, seu corpo tinha um bom desenho, os seios não eram muito grandes, mas a compensação vinha na bunda. Os cabelos tingidos de loiro mel e caiam sobre seus ombros em uma escova puxada para fora. “Ah tigrão sabidão”.

- Desculpa senhor, mas não acho que seja uma boa hora para xingá-lo. A família está toda aqui inconsolável.

- Família? Bando de falsos moralistas. Cambada de loucos! Aquela tia varizenta, meu sonho é jogar água quente em seu ouvido. Nunca gostaram de mim!

Mário Mauro olhou em volta e tentou adivinhar quem ela chamava de tia varizenta.

- Diga-me uma coisa, se tem tanta raiva por que veio aqui?

- Porque eu o amava! Cachorro, o que tinha que me deixar? Eu dizia para ele se livrar da maldita moto! – dito isso, caiu copiosamente no choro.

- Moto? Mas pelo o que eu sei ele morreu de infarto.

- Ele? Eu não falo dele! Eu nem sei quem ele é! To falando do Edivânio Marlon que está na sala ao lado. Saí de lá porque não agüento nem olhar na cara do canalha. Mas esse aí, quem é, parente seu?

- Ah não, eu trabalho aqui. Só vim dar uma última olhada se esta tudo certo, acabou meu turno. Aceita tomar um suco numa lanchonete aqui perto? Prazer, Mario Mauro.

- Oi, Magda Mariana, Claro! Mas antes vamos passar mais uma vez em Edivânio Marlon, só para ele te ver e saber que estou seguindo a minha vida...

Mário Mauro tentou não pensar de como um morto poderia “vê-lo” e preferiu dirigir seus pensamentos a uma certa fantasia de policial...


quarta-feira, 3 de junho de 2009

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 MAIS UMA HISTÓRIA DE UM (NÃO) AMOR.

Mesma turma de amigos. Alguma simpatia instantânea. Um tempo ocioso. “Deixem que digam , que pensem que falem , deixa isso prá lá, vem pra cá, o que quê tem?”. Vânia Tatiana e Jason Aldo não tiveram uma paixão fulminante a primeira vista, apenas se deixaram levar pela leve brisa que corria por ali.

Oportunos ao momento decidiram ficar juntos. Vânia Tatiana por uma maré de maus acontecimentos sentia-se carente e frágil, logo a companhia dele veio a calhar.

Por um outro lado, ele, Jason Aldo, vinha de uma término de relacionamento duradouro e complicado. O aparecimento dela em sua vida veio a calhar tão quanto para Vânia Tatiana.

Juntos riram de muitas coisas. Apoiaram-se nas lágrimas. Passearam, assim como,  também viveram a rotina de uma casa. Dividiram sonhos, anseios e medos. Dividiram também algum passado e até mesmo arriscaram planejar algum futuro.

Tudo ia bem, isso se toda história não houvesse “porém”... Porém não se amavam. Porém existiam ligações do passado que os mantinham presos. Porém era mais amizade do que relacionamento. Porém eram criações diferentes. Porém eram naturezas desiguais...

E mesmo tudo parecendo ir bem, em um dia comum, com a rotina comum do casal... Vânia Tatiana recebeu algumas mensagens e telefonemas de Jason Aldo como de costume, mas um destes telefonemas a deixou em alerta. Ele com um tom de voz que ela nunca ouvira pediu para que pudessem conversar a noite.

Naquele dia Vânia Tatiana até foi mais cedo para casa e já o encontrou no portão de seu prédio. Jason Aldo sem muitas justificativas e em poucas palavras proferiu o fim. Assim, como tratamento de choque. Sem que desse a ela tempo de digerir a informação. Sem que desse a ela a oportunidade de lutar pelo direito do “por quê”.

Jason Aldo decidiu por bem terminar antes mesmo que todos os “porém”dominassem a relação. Vânia Tatiana decidiu por mal eliminar assim ele de sua vida.

Jason Aldo decidiu por mal uma maneira ruim de comunicar a ela seus pensamentos. Vânia Tatiana decidiu por bem manter a amizade com a família dele. 

Jason Aldo decidiu por bem justificar-se aos amigos mais próximos. Vânia Tatiana decidiu por mal contar a todos como se deu o fim.

Eram duas versões diferentes de um mesmo relacionamento. Eram duas interpretações de um fim. Não havia alguém 100% vitima, vilão ou correto. Porque assim era a vida: é o que tem para ser. Nem tudo se explica, algumas coisas apenas se engolem. Porque lá na frente o mais obvio será explicito: de toda experiência sempre haverá um (ou mais) aprendizado...



quarta-feira, 13 de maio de 2009

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O PLANO (IN) FALÍVEL.


Suzane Keliana estava prensada naquela fase “casava ou comprava uma bicicleta” sabe? Mas aí pensava, comprar uma bicicleta era pagar no máximo em 12 vezes. E o casamento? Até quando pagaria?

Estava naquela fase crítica de estar já evitando a família. Porque toda a vez que os viam, existiam aquelas agradáveis perguntas: “E casar que é bom?”. E a vontade é de responder: “Bom pra quem cara-pálida? Para você, minha tia divorciada três vezes?”. A avó vem toda amorosa: “Oh minha neta, tão bonita, só precisa casar!” e ela se pergunta se a ordem natural não é que antes de qualquer coisa ela precisa de um noivo?”. Para piorar e bem a situação o tio saidinho: “ Ah qualquer dia me apresenta sua namorada!”.

Pois é, Suzane Keliana gostaria de entender muito a necessidade das pessoas em verem as outras casadas. Qual é o problema de ser solteira? De viver com um gato apenas? Gato que tem pelo. Bichano sabe? Eu heim. As pessoas faziam da vida um script a ser seguido. Mas para ela era diferente, era tão complicado de compreender isto?

Como podem achar o casamento o dia mais lindo? Você está estressada. Parentes que você nunca nem vê se acham no direito de se ofenderem com a ausência do convite. Colocam-te dentro de um vestido branco (hipócrita!) que ou é bolo demais, ou aperta demais. Ou tem um inferno de um alfinete colocado ali de ultima hora para lhe dar um prazer masoquista em casar. Seu noivo sempre lhe espera com a cara de bobo alegre, que faz você pensar duas vezes do por quê de estar ali, além de que como você não participou da escolha da roupa dele, quer morrer com a gravata escolhida. Sua mãe insiste em falar: “Ahhh menininha da mamãe!! Logo será uma mulher!” Quando na verdade, você já tem 32 anos!!! E pior ainda quando ela quer falar sobre a lua de mel! Seus padrinhos vão ficar bêbados, parecendo que nunca viram whisky na vida! Suas madrinhas vão lhe invejar sim, em algum momento da cerimônia. Para você convencer o pajem a entrar sem chorar, vai ter que prometer o Playstation 3. Para você convencer sua tia distante que seu amigo de faculdade não está interessado nela, e sim só olhando para o cabelo laqueado dela, também será um custo. Fora as retrospectivas! Senhor do Céu, quem foi que inventou aqueles vídeos!? Aqueles que você aparece como criança (catarrenta). A foto tomando banho quando bebê! Por que diabos, todas, eu disse TODAS as pessoas que você conhece tem que ver seu órgão sexual, justamente quando você promete diante ao padre fidelidade ao marido. Foto do seu irmão te batendo. Do seu corte de cabelo a “La Xororó”. Uma beleza! Você cruza no salão com pessoas que nunca viu mais gordo que está comendo e bebendo a suas custas e só depois vem descobrir que é o vizinho do amigo do seu primo que resolveu acompanhá-lo porque a balada era no “Vasco”. No final da noite, todo mundo está feliz. Seu, agora, marido, bêbado, você explodindo de dor de cabeça e uma divida enorme no seu orçamento para pagar.

Suzane Keliana definitivamente não tinha o menor plano de casar. Afinal, casamento era mais do que comprovado que é mais um plano falível, do que infalível. E isto, sua mãe, sua avó ou quem quer que fosse teria que concordar...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

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PALAVRAS AO LIXO.


"O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém." (William Shakespeare)

Li essa frase hoje. E “hoje” concordo com ela mais do que plenamente. Infelizmente é assim a vida, recheada de palavras por comodismo ou conveniência. Vazias. Faladas ao vento.

Quantas promessas você ouviu que não foram cumpridas. Porque na verdade nunca tiveram a intenção de serem realmente realizadas. Ou então, por conveniência foram esquecidas?

Quantos afagos com palavras carinhosas em uma noite anterior perderam completamente o sentido na manhã que se fez logo após?

Estou decepcionada. A idade me faz ponderar. Reaver conceitos. Buscar bases mais firmes. E quanto mais eu penso, mais decepcionada fico. Na imensidão de vazio que se faz o ser humano pelos tempos de hoje. Por seu tempo corrido. Por suas vidas enlouquecidas. Para nada há tempo de se aprofundar. Para o verdadeiro.

E então, sempre estamos passando por recomeço. Porque o que você acreditou em um momento, no segundo seguinte deixa de ser. Você recolhe assim, com dignidade o que lhe resta pós sua magoa por ter sido enganada e recomeça. Um ciclo que já está farta de fazer.

Não, eu não me chamo Aline Mercedez. Mas hoje, quero me dar o luxo de ser mexicana. Chorar. Gritar. E, principalmente, suplicar a Deus, que daqui por diante seja diferente.

Todos têm direito a mudança de idéia. A serem reservados. Mas aonde foi parar a confiança? A intensidade? A CONSIDERAÇÃO.

A ausência da sinceridade me machuca. O vulnerável me enoja. O fútil me destrói. No momento, portanto, quero mesmo o silêncio. Nada mais merece meus ouvidos.

E se a carapuça serviu, sim, é sobre você que falo. E é para você que escrevo.