quarta-feira, 30 de dezembro de 2009


ANO NOVO ( TRÂNSITO VELHO...)

Suellen Tânia já não aguentava mais. O calor era infernal. As crianças estavam irritadas. E nada tinha cara de férias, só de aborrecimentos. Estavam indo para a praia no dia 30 de dezembro a fim de como todo bom brasileiro passar o ano novo pisando na areia e renovando as energias. Porque ate chegar lá não havia energia positiva que bastasse.

- Alfredo Tadeu para de colocar nessa porcaria de rádio de noticias, deixa na música, que coisa! Esse locutor fica falando que está trânsito, ohhh grande, descobriu América o bonito, se ele não me falasse eu não iria perceber sabia?

- Ai Tânia Suellen para que este estresse? Estamos de férias. Curta o visual.

- Que visual Alfredo? Que visual? Será que só eu que estou vendo tudo esbranquiçado aqui?

- Manhê, eu to surda! - Leandra Laura falava colocando a cabeça para trás em tipica pose de manha.

- A Lela é uma burra! A Lela é uma tontona! - Alfredo Tadeu Jr. Não pensou duas vezes em disparar contra a irmã.

- Manhê olha esse besta!!!

- Ué, ela disse que tava surda, como é que ouviu o que eu falei !

- Vocês querem parar ? Filha tampa o nariz e força pra desentupir o ouvido.

Nesse momento ao lado para um carro lotado de garotos com óculos espelhados, de bermudas coloridas e cabelos espetados cantando uma música que ela só entendia as finalizações “la la la chegou... la la la amou.... la la la bate na palma.... la la la dói na minha alma...”. Na verdade, ela estava pouco interessada na poesia daquela melodia medonha. Queria mais que a fila deles andassem e eles pudessem sair logo dali.

Passando também ao seu lado havia também vendedores ambulantes, vendendo todo tipo de coisa: cocada branca, queimada, carregadores de celular, biju, agua, cerveja , pica paus de pelúcia...

- Lela você tomou banho antes de vir? Ta com cheiro ruim!

- Manheeeeeeeee olha o Tadeco! Fica falando que eu to com cheiro ruim.

- Não é meu filho, esse cheiro vem dos pneus dos caminhões que tem que ficar freando o tempo todo e gasta a borracha.

-Ahaha achei que era a Lela fedorenta!

- Manheeeeeeeee!

- Ai Lela para vai, também não precisa ficar choramingando.

- Lela sabia que a praia vai ter tubarão?

- Não vai nada!

- Logico que vai !

- Para seu idiota, não vai ter tubarão nenhum!

- Oh mãeee não é verdade que a vó me deu uma bóia de tubarão?

- É meu filho, é verdade. E uma de golfinho para sua irmã.

- Falei ! - logo Alfredo Tadeu Jr. Fez uma cara de garoto sabido.

Leandra Laura mostrou a língua para ele.

- Pior que eu to começando a ficar com fome. - Alfredo Tadeu fez uma cara de contrariado.

- Mamãe mandou uma torta.

- Pelo amor de Deus, amor, as tortas da sua mãe me dão azia!

- Como você é ingrato Alfredo Tadeu. - a esposa virou-se para a frente tentando concentrar em ver ate onde o transito ia e foi quando viu fumaça saindo do capô do carro.

- Pronto, ferveu. Agora vamos ter que parar um pouco.

- Manhêê quero fazer xixi, to apertada!

- Papai vai ter que parar o carro e aí vamos ali no matinho e você faz.

- Ahaha o bicho vai morder tua bunda Lela!

- Família animo, é Ano Novo! - Alfredo Tadeu tentava manter o controle da sua família... (em vão.)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009


FODEU

E aí você pensa: “FODEU.”


Simples assim. Sem educação desse jeito mesmo. Desculpa mãe por eu ser desta forma.

Porque no momento não teria outra expressão que fosse condizer.


Seu dia está absurdo de corrido. Pensa nas 380 coisas que tem para fazer e você têm 24 horas. Você tem também a noção que 380 coisas não cabem em 24 horas. O que você pensa? FODEU!


Tudo começa pela manhã. O seu despertador (amigo, que você adora tantooo) para te ajudar não toca. Então, você acorda (por sua conta) sorrindo, aquela fresta de sol batendo no seu rosto, e pensa:”PUTZZZZZZZZZZ, fodeu, que horas são?”. É minha querida, tarde demais para começar o seu dia. Como uma louca saio a busca de tudo que precisarei para o longo dia que está por vir.


E quer saber? Vou contar com detalhes. Fechem os olhos enquanto é tempo. Vou contar mesmo. Eu disse que sai correndo para pegar tudo não é? Ah ledo engano. Sabem o que eu esqueci? Esqueci a droga do meu sutiã! Creiam se quiser. E sabe qual é o problema de esquecer? É que vou ter que usar a droga de uma camisa branca logo mais no evento a noite. Bom, ok, paciência na hora do almoço compro um sutiã. (Não vou entrar em detalhes como estou vestida, ou se estou vestida, problema da imaginação de vocês. Cada um com os seus, eu já estou com muitos para mim).


Continuando saio de férias daqui dois dias. Calma. Não pule de felicidade e nem me dê parabéns por isso. Porque no meio desses dois dias 2012 está para acontecer. Imagina tudo que tenho que deixar pronto para esse mês que estarei ausente. Quantos tutoriais de procedimentos que faço com a mão nas costas, mas que os outros não sabem nem por onde começar?


Ta achando bonito né? Nossa que moça batalhadora. Ah fala sério! Seguindo com o ritmo aos 45 do segundo tempo, para o evento de hoje, a minha amada cliente me diz: “Mas nãooooo, eu não quero as recepcionistas de terninho preto, eu quero de roupa caribenha!”. “Ah claro querida, vou pedir emprestado para a sua mãe!”. Inspira azul, solta vermelho. Inspira azul, solta vermelho.


Cliente que liga pedindo prorrogação de nota. Cliente que tem que pagar a nota e não atende o telefone. Bom, “clientes” já falei deles em outra oportunidade passada, certo?


Sua chefe estressada em um ponto que você passa acreditar que a culpa da queda do dólar é absolutamente sua. Que mais ainda, fui eu quem escrevi o discurso sobre guerra que o Obama fez após ao Nobel da paz que ele ganhou. Ou pior, fui eu quem vendi o vestido para Geyse.


O seu email resolve bloquear dizendo que a senha (que você usa a mesma há mil anos) está incorreta. “Por favor, entre em contato com o SAC”. Sabem o que é SAC, não é? "Sofrimento ao cliente".

Ainda há a lista de emails dos fornecedores e clientes para atualizar e mandar cartões de natal. Alias, tenho ainda que criar o cartão de natal!


E quando tudo está o caos o bastante para você pensar em virar uma freira enclausurada e abrir mão de tudo, eu me lembro: “FODEU hoje é dia de escrever no blog!”


Está aí o texto, gostou, gostou, não gostou passa daqui 15 dias.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

A MINA DO GUSTAVINHO


Entrou naquele ambiente, como ela poderia dizer? Rústico? Era "daquele jeito", um salão apertado, reboco aparente, chão batido ... O que eles queriam lembrar? Uma lage? Um quintal? Ela enguliu seco e tentou não se arrepender de ali estar.

Olhou a sua volta e buscou entender por que boa parte das mulheres que frequentam o samba gostam de ter aparência que não tomam banho. Aquele cabelo emaranhado, aquela saia comprida surrada, aquele chinelinho de dedo de dar dó. Dó do pé preto. Gente, não tem dinheiro pra comprar roupa pra ir na balada não vai né? Aquele "baticumdum" era eterno e as letras das músicas ela nunca tinha ouvido antes. Se dissessem que haviam feito meia hora antes dela chegar, ela acreditaria. E no fim todas eram meio que iguais, falando de "até o dia raiar" , "vem pra roda" ou "bate na palma da mão".

Todo samba tem seu gringo. Todo gringo quer ter a ginga. Mas ginga e gringo não combinam, alguém avisa? Mas ele não desiste ! Fica lá com uma mão ele levanta a cerveja e a outra ele aponta o indicador em movimentos alternados descendo e subindo. Com uma felicidade tamanha quando a música tem "la la ia" e ele pode cantar junto.

Mas assim ia a sua noite, cheia de situações a sua volta que Laysa Valkyria só observava e quando ela ja achava tudo realmente ruim, soube que poderia piorar. Dois caras se aproximaram de onde Laysa Valkyria e suas amigas se encontravam. Um deles usava um chapéu de pananá, uma camisa de seda aberta e tentava fazer um estilo. Um estilo otário sabe? Foi chegando cheio de molejo ou devia dizer andar de bebado? E foi perguntando se inclinando a elas:

- Posso?

"Pode o que, oh doido?" Laysa logo pensou.

- Posso conhecê-las? - ele completou a frase ao perceber nenhuma entrada diante sua primeira tentativa, enquanto seu amigo apenas limitava-se a dar goles curtos em sua cerveja.

- E se eu disser que não?

- Ah vá! Você não seria chata assim!

- Ahhh eu seria sim!

- Você ta falando assim porque está me reconhecendo não é?

- E você é o famoso quem?

- Eu sou músico! Uma dupla sertaneja.

- Famosa? Não te conheço.

O papo por si era irritante, e então, ele conseguiu achar uma forma ainda mais irritante de querer se mostrar, não faltava mais nada mesmo para Laysa Valkyria do que ter que aguentar em um samba, um bêbado cantor sertanejo. Mas neste momento ele a olhou de uma maneira diferente e fez parecer que algo tinha-lhe surgido em mente.

- Hey você é a mina do Gustavinho!!

O semblante do amigo neste minuto também clareou, como se igualmente reconhecesse Laysa Valkyria! E nem mais dois segundos se passaram em respeito ao tal do Gustavinho, ambos se despediram e sumiram diante aos "sambalelês" do salão.

Laysa Valkyria não tinha a mínima idéia de quem seria Gustavinho, mas naquela hora achou perfeito ser a "mina" dele.