quarta-feira, 26 de agosto de 2009

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A GOSTOSA


Joicy Cleide andava distraída pela calçada pensando em seu desafortunado momento de ter sido abandonada pelo namorado, enquanto ia a caminho a clínica de estética mais próxima de sua casa levantar o seu moral.

E foi quando passava por uma pequena reforma em uma casa que ouviu um barulho semelhante ao sugar de um canudinho seguido de um, “Gostosa”. De imediato Joicy Cleide parou, e lentamente absorveu a informação. Olhou para trás e procurou o responsável por aquilo.

- Hey, foi você? – Se dirigiu ao moço encostado no muro, provavelmente aproveitando a sombra, enquanto descansava em seu horário de almoço.

- A senhora me “adesculpe” viu, mas é que não vi outro jeito de dizer que é “boniteza” por demais.

- Repita o que disse. – ela estreitou os olhos dando ao moço um medo do que estaria por vir.

- Ah não leva mal o modo de falar...

- S-Ó R – E – P – E – T – E .

- Falei que a senhora é gostosa... – Disse ele, no momento, já tímido.

- Como chama?

- Dílson Cleber, a sua serventia.

- Então, Seu Dílson Cleber, acha mesmo isso?

- Com todo respeito!

- Sei... Mas olha aqui, não acha que meu quadril ta muito grande?

- Ta nada, mulher boa tem anca larga! – dito isso Dílson Cleber corou em seguida – Com todo respeito a senhora, claro.

- Sei. Olha aqui, essa parte. O culote, ta vendo? – Joicy Cleide insinuava a ele a parte externa da coxa. – Não acha que ele ta sobressaindo demais a coxa?

- Oh Dona, para com isso, homem que é ver carne mesmo. Magrela só a bicicreta que eu uso!

- Ta. Meu peito ta caído?

- Ai ai ai, a Senhora ta se sentindo bem? Não posso também ficar assim, falando dos seus peito, não, né?

- Pode sim, e vai falar Seu Dílson. Está caído não é? Eu sabia!!! Eu tinha certeza disso. Só pode ser por isso que o Tobias Eugenio me largou...

- Tobias Eugenio?? Olha, nem sei quem é. Mas não deve ser por isso não. Pra bem dizer os peito da senhora são pequenos, mas são sinceros né?

- Acha que isso vale? – perguntou ela baixinho, desconsolada.

- Ah vale, essas mulher de bola de capotão no peito, não ta mais na moda não.

- Hum... Seu Dílson Cleber, meu cabelo, essa cor ta feia?

- Olha Dona, não sei qual é o problema da senhora não, Mas não to aqui para ser esse consultor aí que a senhora ta achando. Eu heim. Se eu soubesse que a senhora me faria esse monte de pergunta, nem tinha falado pra senhora que era gostosa. Meu almoço acabou e eu tenho é que “trabaiá” viu. A senhora parece que já ta com a vida ganha.

E assim, Dílson Cleber, marchou para dentro da casa, sem dar mais ouvidos ao apelo de Joicy Cleide.

- Mas Seu Dílson, só mais uma vez, fala de novo que eu sou gostosa!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

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A CASA DOS HORRORES (Vulgo, loja de celular)


A sensação que tinha é que se preparava pra guerra. E um leve mau humor já começava a pairar no ar. Afinal, quem gosta de entrar numa loja de telefonia celular? Mas ainda assim lá foi ela, munida de muitas armas: RG, CIC, comprovante de residência, nota fiscal do aparelho, última conta paga, e a calcinha vermelha. Sim, sua calcinha da sorte.

Logo que Agatha Marianny entrou na loja já se deparou com a típica situação... Um rapaz nitidamente alterado gritava ao telefone:

- Meu nome é Jesse James!!! Jesse James!!! Jota-e-esse-esse-e E E E!!! Minha filha, eu não quer que eu passe por esse celular e vá te fazer usar um cotonete, não é? Você já perguntou meu nome mil vezes e resolver meu problema que é bom, neca de pitibiriba!

Agatha tentou ignorar o primeiro de costumeiros surtos dentro de uma loja como essa. Se dirigiu a primeira funcionaria livre e perguntou:

- Moça, por favor...

- Senhora, já pegou a senha?

Ela respirou fundo, olhou a maquina de senha na entrada da loja desanimada, primeiro sinal que não seria nada fácil mais uma vez. De novo. Novamente foi ela então buscar seu passaporte para irritação!

Sentou, e começou a observar o Jesse James, ele ainda berrava, mas desta vez é de que não queria mais falar com nenhum atendimento eletrônico, e sim com pessoas que falavam, respiravam e tinham coração. Além de preferência ser supervisor.

Neste momento, Agatha Marianny teve a idéia de perguntar apenas, se eles saberiam já resolver seu problema e se valeria ficar esperando. Resposta que ela, nu fundo, bem intimamente já tinha.

- Por favor?

O atendente sem nem olha-lá:

- A senhora já pegou a senha?

- Sim, já peguei, mas só quero saber se tem o que eu quero, porque senão nem fico. Queria saber se tem chip virgem para eu colocar meu número antigo, roubaram meu celular.

- A senhora já bloqueou sua linha? Caso não tenha feito, é só ligar dali do telefone, quando aquele moço terminar de bloquear a dele. Teve medo de olha-lo, mas o fez. A sensação que teve foi de uma caveira encostada na parede, com algumas teias de aranha, insinuando que estava ali há muito e muiro tempo.

Neste instante, entra na loja um senhor de cabelos grisalhos, porte grande, terno bege e um lenço Flamboyant , como todos, vai ao primeiro atendente:

- Meu querido, por favor, eu queria...

- O Senhor já tem a senha?

Eu, Jesse James, o Sr. Caveira e a outra atendente apontamos para a máquina na porta da loja.

O senhor visivelmente contrariado pega o papel quase com nojo e em seguida dispara a falar:

- Mas eu só quero um telefone! Quero um telefone fácil ! Bem fácil! E só para comprar um telefone simplesinho. Por favor, é só um telefone, vocês tem um telefone para que eu só possa ligar? Só um momentinho para me atender, não quero um telefone com muitas coisas! Aqui tem toilette ? No momento eu só quero um toilette! Deixa eu ir no toilette! Porque uma loja bonita tem que ter toilette! Vou ter que esperar mesmo, então, só preciso ir no toilette! Alias, eu sou idoso! Vocês não tem preferencial ao idoso? Ahhh mas eu só precisava de um telefone.

Enfim, mediante ao caos que começava se instalar na loja, Agatha Marianny pegou sua bolsa, juntou no corpo e marchou para fora. Um pré-pago qualquer em uma loja de departamentos resolveria seu problema.