quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010


DIREITOS FEMINISTAS DE UMA MULHERZINHA.

Regildenia Alexandra era fervorosa em seu discurso “feminista”. A noite estava gostosa, a cerveja gelada e comphania da amiga estavam bastante agradáveis. Por isso o papo corria solto.

- Ah Norma Elisa, veja que absurdo! Você já viu o
http://www.salariometro.sp.gov.br/ ? Lá pude ver que um homem na minha profissão ganha 14,00 a mais! Agora me diga por que!!!?? Ele gasta R$ 14,00 reais a mais no supermercado que eu? Claro que não, nós mulheres temos necessidades maiores que a dos homens. Homens são sempre “tanto faz quanto tanto fez.”

- Ai Dênia, desde que o mundo é mundo é assim que funciona. Homens são protegidos.

- E isso justifica? Desde que o mundo é mundo bla bla bla. Temos que mudar isso! Temos que lutar por nossos direitos. Quero tornar-me igual!

- E o medo de barata?

- Ah?

- Ah vá, você não tem medo de barata Sweet? Direitos iguais a fará ter que matar baratas. Direitos iguais a fará trocar lâmpada e a resistência do chuveiro. Abrir latas de palmito, por vamos combinar né, latas de palmito tem a tecnologia de Penitenciaria de Segurança máxima.

- Norma Elisa.

- Oi?

- Como você é pequena! Eu estou falando de coisas muito maiores! De conquistas profissionais. De globalização. De estar lado a lado com os homens no mercado competitivo.

- Ih Deninha, my honey, ainda bem que você tem peito pequeno né, porque se for começar queimar sutiã em praça pública, eles não lhe farão falta.

- É por isso que não vamos para frente, por causa de mulheres acomodadas como você. É por sua causa que ganho R$ 14,00 a menos!

- Minha causa? Nossa, pirou de vez, já pensou em usar algum tarja preta?

- Ta vendo, você é consumida pelo vírus masculino, que acha que eles estão certos aonde estão. E que as mulheres tem mesmo é que se ferrar, sendo profissionais, mães, esposas, donas de casa e sabe-se Deus mais o que.

- Eu disse isso?

- Praticamente! Mas enfim, tenho que ir embora, Jorge Lucio vai me levar pra jantar num restaurante caríssimo amanhã, quero ver se hoje ainda faço unha, hidratação no cabelo.

- Ué e nessa história de mulherzinha de dia de princesa, você o ajudará pagar a conta?

- Claro que não! A conta é dele obviamente.

- Ah ta, você não poderia certo? Afinal em seu orçamento tem um rombo de R$ 14,00 a menos...

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

MAMÃE, EU TO PEDINDO.

Era véspera de carnaval, o casal de namorados estava na sala do apartamento dele, distraídos vendo TV. Mas algo na respiração pesada de Carmen Lourdes, dizia que havia alguma coisa errada.

- O que foi?

- Não foi nada.

- Como nada?

- Nunca ouviu falar em nada?

- Tratando-se de você nada não existe.

- Virou psicólogo agora?

- Não.

- Filosofo?

- Não.

- Então me deixa, que eu não tenho nada! E não quero divagar sobre o que implica o conteúdo de nada!

- Ta vendo, se ta dizendo que o “nada” tem conteúdo, é porque aí tem!

- Tem o que SENHOR DO CÉU!?

- Tem alguma coisa.

- Não tem coisa alguma. Não tem N - A - D - A.

- Ta muito estranha pra estar com nada.

- Edvaldo Mario, se eu estou falando que não tenho nada, porque simplesmente não engole isso e fica quieto!

- Ta vendo Carmen Lourdes, ta estressada.

- E se eu estiver o que tem?

- Se estiver, não é que está com nada. Está com stress. Quero saber por que.

- Por favor!!!

Um silêncio mórbido se fez por um minuto. Mas Edvaldo Mario, inquieto sabia que não fazê-la explodir sobre o nada poderia ser bem pior. Conseqüências terríveis viriam. Resolveu continuar a se arriscar, mas foi ela quem falou primeiro, assim como quem não quisesse nada.

- Mas me fala, como é mesmo, você e seus amigos vão se vestir de mulher e sair no bloco “Mamãe eu to pedindo!”. Nossa, vai ser legal NE?

- Ahááááa!!! Então o nome do nada é “Mamãe eu to pedindo”! Ta brava por isso! Sabia Lourdinha! Você ta brava porque eu vou pular carnaval no bloco. Mas já te expliquei buzuza, só vai homem, é só pra ficar bêbado, brincar, falar besteira, arrotar junto. Sabe como é. Só coisa de homem mesmo.

- O que eu sei que coisa de homem é “biscatear”, isso sim.

- Com quem buzuza? Já não te disse que só vai ter homem! Só se eu for me apaixonar pelo Carlão que vai com o vestido rosa da irmã dele.

- Que nojo Edvaldo!

- EEE nem duvida da minha masculinidade heim. Mas vem cá... Vai ficar brava? Você também vai pular carnaval, já estava tudo combinado, e eu não to bravo porque você vai pro baile.

- Baile da terceira idade “Unidos da Vila Maria” com minha mãe, minha tia e meu padrinho. Fala sério! Não vou pular carnaval, vou fazer caridade, vou cuidar para que eles não enfartem ao som de “Ah La La Ô ô ô”.

- Olha pra mim Buzuza, já não tava tudo certo, tudo bem e combinado?

- Tava.

- Então meu amor, fica tranqüila. Não vou fazer nada que faça mal a nós. Só vou me divertir um pouco com os camaradas.

Carmen Lourdes fechou mais ainda a cara, e resolveu não falar mais nada.

- Lourdinha... Buzuza... Vamos lá.

- Chega, você não vai? Não ta decidido já? Então, não quero mais falar, esse papo não vai nos levar a nada.

- Ahh agora entendi o nada. - Edvaldo Mario fingiu interesse na TV no mesmo momento, mas não antes de resmungar contrariado só pra si - Mulheres...




quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010


UM DISCURSO PARA O BIAL.

Nem todos nós admitimos a curiosidade sobre o ser humano. Alguns tentam manter a postura “politizada” de que não interessa a vida do outrem. Porém, eu cá ouso dizer que isto deve ser apenas o medo de ver no outro, seu próprio defeito.

Porque assim fácil é, apontar o defeito do outro. Acentuar. Debochar do defeito alheio. Difícil é admitir que você faz o mesmo. Os expectadores do BBB tornam-se crianças. Crianças pré-escolares, maldosas em seus julgamentos. Justamente, pela inocência de não medir as conseqüências do que sua forra pública pode acarretar . Sem se dar conta que cada feito, cada palavra dita para os Brothers tem peso 2, devido ao confinamento.

Assistimos atitudes, situações e como donos da verdade tiramos nossas conclusões. “Cortem as cabeças” é a decisão final. Sob que parâmetro? Pois neste jogo, quem fala o que pensa, está errado. Quem faz o que tem vontade, está muito errado. Qual é o conceito de verdadeiro nesta história então?

O ponto de equilíbrio fica em um meio fio quase imperceptível a moral. Porque todos confinados têm que achar um meio termo do seu “eu” e de sua “fantasia”. Qualquer demasia pode custar “a morte súbta” dentro da casa.

É muito cômodo para as pessoas de seus sofás ditarem regras. Afirmarem condutas. Complicado mesmo, é se deixar viver o que os brothers se permitiram: o famoso “Dar a cara a tapa”.

O ser humano faz mesmo coisas que ferem os olhos. Dói na moralidade. Repulsa a inteligência. Mas fazemos, tanto eu, quanto você ou qualquer outro que seja. Como a BBB que se deixou levar pelo clima quente do momento com seu affair ou a BBB certinha que arrotou e falou palavrão surpreendendo a todos. Quem não o faz? Em público, em quatro paredes, que seja, repito QUEM NÃO O FAZ?

Todos são vitimas e vilões em suas atitudes. Todos são escravos de opiniões preconceituosas que não nos permitem ver que o objetivo aqui é apenas um: Ser feliz. Ninguém está lá para realmente ser 100% ruim. Assim, como ninguém, absolutamente ninguém está lá porque é 100% bom.

Atirar a pedra ao programa é o mesmo que atirar a pedra em si. Porque o que você assiste é justamente o que acontece dentro de sua casa. Em sua vila. Em sua cidade. A todo o momento. São pessoas brigando pela sobrevivência da convivência. Porque conviver, você há de concordar, é uma arte que poucos a fazem com maestria.

Sentenciar alguém mau e fazer de tudo para tirá-lo da casa, é o mesmo que matar o vilão no começo do filme. Que graça tem? É o receio de conforme o passar do tempo, você perceber lá no seu intimo que se caso tivesse coragem faria algo igual a ele, ou parecido.

Por fim, eu lhe questiono: “Já se imaginou confinado? Longe da ‘vida real’?”. Sendo assim, não julgue sem saber. E que então quando se der conta que neste jogo não há nada de absurdo. Não há sentimentos de brinquedo ou personagens, você está pronto para ser eliminado do “seu mundo pequeno” e apto a seguir para uma vida real muito mais esclarecedora.