quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O MONSTRO VERDE

O casamento estava friozinho. Sabe? Aqueles momentos da vida que você arruma nomes para as crises. “Ah estamos na crise de um ano.” , “Estamos na crise da meia idade.” , “Estamos na crise dos 3 anos, 4 meses e 2 dias.”. Mas crises, não se justificam, apenas acontecem. E em geral, por inúmeros motivos e não pelo tempo de relação.

Luciana Andréia era mulher né? Então já se pode entender que era complicada, chatinha, sensível demais, especuladora demais, controladora demais e bla bla bla. Aposto que você, mulher, riu. Sim você também é assim. Aposto também que você, homem, agora riu também. Porque sim, eu sou mulher e sei admitir que somos assim. Umas em maiores proporções ou outras em menores. Luciana Andréia tava com o pé bem forte no “maiores”.

Ela tinha criado diversos probleminhas em relação a Rodolfo Lucio, tomou cada um deles como verdade irrefutável e colocou como pedra no caminho. Não dava mais para seguir. Enquanto isso, Rodolfo Lucio, corria de manhã, ia ao trabalho no horário comercial, chegava em casa cozinhava algo, estudava para sua pós, via TV e dormia. Vida normal. Nada de errado. Do que poderia ele reclamar?

A verdade era que: Ele não percebia! Não percebia o monstro verde que crescia entre eles. Monstro que Luciana Andréia havia criado. Monstro de gelatina. Mole. Fácil de destruir. Isso se ele percebesse o que estava acontecendo. A vida para Rodolfo Lucio era tão simples, que chegava ser complicada de entender. A vida dela por sua vez, era tão complicada, tão complicada, que era muito simples de perceber que era apenas tempestade em copo d’agua.

Mas como um casal moderno, eles seguiam. Com seus compromissos jovens. Festa na casa dos amigos. Open Houses. Open Bar. E tudo se abria, menos a relação dos dois. Tava na cara, no olhar deles, o quanto eram apaixonados. Mas insistiam em levar o monstro verde por onde fossem. Publicamente se criticavam. (E tenho que ser justa ao falar, que geralmente partia dela, bom mulher, lembra?). Mas mesmo assim, no fim das “pequenas discussões” ainda riam feito crianças travessas. E os que em volta viam, pensavam: “como eles são lindos sorrindo.”.

O casamento provavelmente nunca acabaria, ou tão cedo acabaria. Mas de verdade a torcida era para que colocassem o Monstro verde de fora da história. Que fossem mais os dois e menos os terceiros. Que fossem mais sexo e um pouco menos de conversa. Que fossem mais sintonia e menos interferências. Porque juntos ficavam lindos. Aqueles casais que uma separação não quebraria só os corações deles, mas de todos que os rodeiam.

E então, no meio de tudo, em um dia qualquer, um jantar qualquer, vem o papo:

- Acho linda a Talula do BBB, eu pegava! – Comenta uma amiga mais “doidinha”.

- Eu acho a Maria, eu pegava também. – emenda a Luciana Andréia.

Os olhos de Rodolfo Lucio brilharam.

- Ta falando sério amor?? Pegaria mesmo?

Ela riu relaxada, e num silêncio só deles perceberam o quanto se amavam. O quanto o elemento “surpresa” ainda estavam com eles e quantas vezes mais eles poderiam se apaixonar novamente. A cada ato, a cada palavra, a cada olhar... E o Monstro verde? Faz parte, mas que continue assim, apenas um pequeno aparte desta história, porque o protagonista, ainda era ele: O Sr. Amor.