terça-feira, 27 de novembro de 2012

PROGRAMA DE ÍNDIO

Mona Laisa tinha um namoro tranquilo. Ele, Ryan Bryan, era muito especial para ela. E apesar de extremamente diferentes em gênio, eles se entendiam muito bem quando mundo era só eles dois.

Ryan Bryan, era extremamente caseiro, família, tímido. Mona Laisa era do mundo, falante e até um pouco desapegada de tudo... Mas ainda assim, estarem juntos era especial. Um complementava o outro. Ele a dava momentos de calma, e ela por sua vez, trazia um pouco de loucura para a sua vida...

Foi em um momento de loucura comum a ela e surpreendente a ele, que bolou mais um de seus planos. Mona Laisa estava de babá do cachorro de uma amiga que viajou, logo uma ideia lhe surgiu. Ligou para o namorado.

- Ry? Tudo bem? Você topa fazer um programa de índio?

Ryan Bryan estranhou a pergunta. Mas vindo de Mona Laisa, de tudo podia se esperar...

- Programa de índio? - Ele comentou desconfiado.

- Sim, eu to de babá do cachorro da Thayla Thalita. E precisava ir amanhã, 08hs da manhã, lá no apartamento dela. Você não vai comigo? Depois vou trazê-lo aqui para casa.

Na verdade, ele não entendeu o por quê do convite, ela realmente não precisava dele para fazer isso. Uma vez que a Thayla Thalita morava perto de sua casa. Mas ainda assim considerou e aceitou levá-la.

No dia combinado, na hora combinada ele estava lá, pronto para levá-los ao programa de índio. Ainda rindo da situação de acordar cedo para buscar um cachorro de alguém que ele nem bem conhecia.

Chegando no apartamento, os dois entraram brincando descontraídos. Ryan Bryan foi direto procurar o cachorro para levá-lo, no entanto, o olho de Mona Laisa brilhava, e algo passou pelo ar. Ela o chamou para conhecer o apartamento. E assim que ele entrou no quarto, ela fechou a porta. Ele a olhou assustado.

- Você acha que eu o chamaria sem intenção nenhuma? - ela perguntou numa voz rouca, caminhando em sua direção.

Ryan Bryan ficou pasmado, tentando entender a cena.

- Acha mesmo que esse programa de índio seria apenas buscar o cachorro? - ela o alcançou e o empurrou na cama.

Ele estava literalmente emudecido... Tentava falar, mas as palavras morriam a boca. Mona Laisa por sua vez, sabia bem o que queria dizer e fazer...

- Mas não podemos! Aqui? Assim? - Ele começou um protesto.

Ela começou a tirar a roupa lentamente... E obviamente por debaixo da roupa tranquila de uma manhã de sábado, ela vestia uma lingerie provocante.

- Você não quer? - Ela foi subindo pelo corpo dele e o beijando lentamente. Completamente excitada pelo "errado", por usar uma casa alheia completamente sem permissão.

Ryan Bryan já não pensava. Não sabia mais o que era certo o que era errado. Não sabia se a agarrava com força, ou se esticava o lençol da cama alheia que estavam bagunçando. Não sabia se a beijava ou se falavam para irem embora. Mas por fim cedeu aos encantos dela.

Intensos, transaram. Aproveitaram cada minuto daquela manhã atípica. Mais uma vez a loucura da Mona Laisa marcou a história deles. E para sempre nenhum dos dois esqueceriam o tal programa de índio.

Sendo assim, se algum dia alguém lhe pedir para cuidar do seu bichinho considere o tal programa (de índio) uma idéia um tanto quanto interessante... Fica a dica.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

ENCHENDO LINGUIÇA.

É véspera de feriado. Ou seja, ninguém vai ler. Ninguém vai nem notar que não vai ter um nome composto. Não vão nem chegar aqui no blog hoje. E na segunda feira, então, esse texto já vai ser passado do passado. Ninguém vai lembrar que a Lica-feira passou.

Sendo assim, pouco importa o que eu escrever aqui neste texto. Posso escrever qualquer coisa. Como por exemplo: Eu já quis muito ficar com um padre. Oh!! Oh nada, grande coisa. Tenho certeza que ninguém leu isso. Sendo assim, morreu por aqui.

Posso também falar que me imagino um dia no Jô. Sabe? O Soares? Olha eu, falando "sabe", como se estivesse falando com alguém. Sendo, que obviamente hoje, não tem ninguém aqui. Está, a essa altura do campeonato, todo mundo rumando para algum canto. Mas é isso, me imagino no Jô Soares, não sei para falar exatamente o quê. Talvez do blog, talvez de um possível livro... Sei lá, nem acho que venha a acontecer mesmo. Mas me imagino. E tenho certeza absoluta que rolaria no final aquele "AHHHHHHHHHHHHHHH". E daí né? Isso nunca ninguém vai saber.

Tudo que eu vier a falar agora não vale de nada. Alguns até já estão bêbados, em algum lugar por aí. Imagina? Happy Hour comendo solto!!! Então posso até falar que acho o marido da minha amiga um gato, gostoso, tudo de bom. Isso, ela sabe, eu falo pra ela sempre. Falo até demais. Ela sabe que não é por mal, é só porque ele é gostoso mesmo! Mas para outras pessoas isso pode ser absurdo, motivo de julgamentos crúeis. Por isso, posso falar aqui agora... Ninguém vai ver mesmo, não faz a diferença.

Nesse momento, as estradas devem estar lotadas, o feriado para ajudar é prolongado. Acha mesmo que alguém tá aqui lendo. Ah ah ah. Eu tenho simancol. Sei que nesse "exato" momento, todo mundo tem mais o que fazer. E tudo bem, eu não os odeio por isso. Tá, talvez odeie um pouco. Talvez reze para chover no feriado todo, mas tranquilo, tipo inveja frutacor, sabe? Olha o "sabe" de novo, eu acho que to falando com quem? Oh dó.

Eu até arriscaria hoje, mandar um recado para um ex namorado sem noção. Mas aí, já seria demais. Ainda que hoje, eu fale com a parede, nem a parede merece esse assunto. Então, vou nos poupar de tal coisa.

Pois é... Feriado. E eu aqui escrevendo algo sobre nada, para encher linguiça. Só para não falar para mim mesma que deixei a Lica-Feira passar. Alguém por aí? Hey... Alguém?? Claro que não né? Obvio que não... Então tá. Vou nessa. Quem sabe o feriado me reserva algum padre, ops, quero dizer uma surpresa...

Mas olha só, se existir alguma santa alma lendo aqui, a torcida pela chuva é brincadeira tá? Não to torcendo não... Mas do marido da minha amiga, é verdade... Ohhhh se é. Mas abafa forte!!! E vamos em frente até que a próxima Lica-feira chegue.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

ALGUÉM PARA VOCÊ

"Pressão, vamos botar pressão mamãe..." Elis Ana passou por uma rua qualquer e ouviu este axé antigo vindo de alguma das lojas, riu consigo, pois, achou que veio a calhar com seu momento. Tinha acabado de desligar o telefone com a mãe e o assunto de 98,9% da ligação tinha sido que já estava na hora dela "arrumar alguém". O restante da conversa foi a receita do molho de vinagrete da pastelaria. Enfim...

Veja bem, "arrumar alguém". Sabe como é, né? Daquele jeito que você fala pro seu amigo que trabalha numa agência de comunicação: "Me arruma ingressos?". Você também fala para seus amigos: "Me arruma alguém?". E o mais interessante, deste peculiar pedido é que ele sempre é atendido... Com um "alguém bizarro"!

Certa vez sua amiga Glaucia Luzia veio com aquela famosa história: "Estou ficando com um cara, e ele tem um amigo...". Quem nunca? Háá. Apostava que nem queriam falar nesse assunto. Mas ela contaria, Glaucia Luzia marcou na praia o primeiro encontro e lá estava ele, "o amigo". Parado vestido um shortinhos daqueles de futebol, mas mais curto, sabe? Meio surrado, vermelho... Contrastando com o seu bronzeado "largatixa branca que se confunde com a parede" e um óculos "moderninho". Não iria explicar o moderninho. Vergonha alheia demais. Mas Elis Ana foi guerreira. Beijou o moço. O beijo era ruim. Ela ainda aguentou um mês. Quando ele falou em filhos. E ela definitivamente não teria lagartixas branquinhas.

Mas não só Glaucia Luzia havia a metido em uma situação estranha. Estela Begônia já tinha também contribuído na sua história no capítulo: "Me arruma alguém?". Ela veio lá com o amigo do peguete. Aparência "perigosa". Alourado, meio malandrão, barba por fazer... Falando em gíria. A pegada super mega blaster... Mas algo suspeito pairava no ar. Cada vez que Elis Ana chegava no bairro da minha amiga, o seu telefone tocava, e lá vinha a voz autoritária dele: "Você está aqui no bairro. Estou indo te ver...". Nas festas, todos baixavam os olhos enquanto ele passava. Na cara de Elis Ana então, ninguém olhava nunca. Ela desconfiava do comportamento, e um dia exagerou na pergunta, mas não imaginava no que viria de resposta: "Hey você é traficante?", e ele então respondeu: "Então, não sou o trafica mas digamos assim doçura: EU SOU O CARA, saca assim?" Elis Ana não sacava, nem queria sacar e nunca mais sacou nada que veio dele.

Teve uma vez que seu amigo Rolando Vitório lhe arrumou alguém. Ligou para ela falando que tinha um amigo, que andava meio cabisbaixo. Que ele achava que estava precisando de alguém que animasse sua vida. Achava-lhe perfeita para o "caso", uma vez que estava solteira, era bonita, divertida, bla bla bla... Passou as redes sociais do moço, e na primeira conversa... Que rufem os tambores... Ela ouviu uma linda "declaração" do alguém em questão: "Meninaaaaaa, me deixa usar as suas calcinhas!! Fico logo lokaaaaa!! Faço a Claúdia num "Não fuja da Raia" Vrááá. ". Verdade, não riam, isto é sério.

Heis, então, que o que a sociedade chamaria de encalhamento, Elis Ana chamaria apenas de falta de "alguém" normal no hall dos amigos. Não que ela dependesse dos amigos para isto, mas é que sempre surgia o "alguém alheio" no seu caminho. Mas ela jurava estar cada vez mais seletiva. E aceitando cada vez menos os alguéns arrumados. Um dia haveria de ser...

E foi quando, ela continuava sua caminhada pela rua, perdida nestes pensamentos, ouviu mais uma música vinda de um rádio qualquer: "E quando um certo alguém. Desperta o sentimento. É melhor não resistir e se entregar..." Era isso. Simples assim. Ah mamãe, se você pudesse entender...

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

UMA ESPOSA DESCONTROLADA.


Paula Gleidicy passou pela sala indo da cozinha para o quarto, a princípio distraída, mas se deteve e olhou mais atenta para o Wilton Jairo. Ele estava estranhamente largado no sofá. Os olhos vazios e perdidos num lugar que ela almejava descobrir. Aquela postura não era costumeira dele. Sempre tão ligado e ativo. Ela ficou preocupada.

- Amoreli? - ela se aproximou cautelosa chamando-o. Porém, em um primeiro momento, ele não a atendeu, por isso, ela tornou a chamar – Wilton Jairo?

Ele a olhou com os olhos baixos e apenas mexeu com a cabeça, questionando-a em silêncio sobre o que ela queria.

- Amoreli, tá tudo bem? Tô te achando caído. - automaticamente colocou a mão sobre a testa dele para medir-lhe a temperatura – Tá com febre?

- Não. - Falou ele desviando a cabeça de sua mão. - Chateado.

- Oh More, chateado? Por que Morelizinho?

- A Carmem... - comentou ele baixinho.

Os olhos de Paula Gleidicy piscaram seguidas vezes, em um tique nervoso. Respirou fundo antes de perguntar quase que soletrando as sílabas:

- Que Carmem, Wilton Jairo? - o som saiu entre os dentes.

- Carmem Lúcia...

- Wilton Jairo! Fala logo, você está me traindo com a Carmem Lúcia? Quem é esta sirigaita!? É isso mesmo Wilton Jairo? Eu não posso crer nisto! Não posso! É por isso que você está com esta cara de... de... nádegas! Para não falar outra coisa né, Wilton Jairo? Pra você ver, eu não sou baixa como ela. Porque essa sirigaita, só pode ser muito baixa para sair com homem casado. Só p-o-d-e, Wilton Jairo! Desde quando, só te pergunto isso, desde quando Wilton Jairo?

O marido endireitou sua posição no sofá e finalmente saiu do clima apático que se encontrava. Olhou bem no rosto dela, deixou as palavras morrerem num suspiro. Baixou a cabeça, levantou novamente e a encarou mais uma vez. Por fim, perguntou num tom muito sério:

- Do que você está falando, pelo o amor de Deus, Momô?

- Agora é momô? Agora você vai fazer o “Lula”?

- Fazer o Lula? Oi?

- É Wilton Jairo, o que não está sabendo de nada! - os olhos dela já marejavam lágrimas.

- Você não pode estar falando sério. Você tá louca, Amoreli?

- Tô louca!! Tô louca sim, meu querido ex marido! - Levantou-se do sofá, atirando as almofadas mais próximas para todos os lados. - Tô muito louca!

De repente ela parou. Seu olhar ficou desafiador e o semblante impassível. Ela se aproximou novamente dele e voltou a se sentar.

- Aliás Wilton Jairo, é isto que você fala? “Oh tadinha da minha esposa, é louca, nem posso dormir no mesmo quarto que ela. Faz muito tempo que não “dormimos” juntos” - ela fez uma voz propositalmente de coitadinho para em seguida vociferar – É isso Wilton Jairo, aposto que você fala que eu sou louca, por isso que você não se separa de mim, porque tem dó. Mas que já nem há sexo entre nós há anos. Tenho certeza, que fala isso para ela. A... A... Como chama mesmo a infeliz, Wilton Jairo?

- Carmem Lúcia?

- E você se atreve a confirmar! - Paula Gleidicy já se derramava em choro.

- Você quer mesmo saber? Quer? Cansei do seu ataque e vou mesmo falar tudo! - falou o marido bastante irritado! - Carmem Lúcia não presta, nunca prestou. Além de tudo é apaixonado por outro. Ou outros, ou vai saber se só por si mesma. Porque ela sim, é louca! Mas ainda assim, estou chateado. Muito chateado. A Carmem Lúcia, vai me deixar. E pela primeira vez eu realmente senti apego. Mas agora vai acabar. Já está certo. E por mais que ela não preste, eu vou sentir falta dela. Aliás, muita, Paula Gleidicy. A Carmem Lúcia, mais conhecida como Carminha, vai me deixar na sexta-feira próxima. Satisfeita? - Terminou de falar tudo num fôlego só.

Sua esposa levantou do sofá pálida. Sem falar nada virou-se e seguiu em direção ao quarto. Mas antes que pudesse entrar e bater a porta, gritou do corredor:

- Não teve graça Wilton Jairo. Nenhuma!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

NA HORA H.

Mariana Alberta estava afoita contando ao telefone para Audrey Maria.

- Pois então, é como eu estou te falando... Acha que o problema é comigo, amiga?

Audrey Maria riu. Tentando, em vão disfarçar, mas riu.

- Audrey Maria não ri, é sério meu! - Pediu Mariana Alberta em tom de súplica.

A verdade é que não tinha cabimento aquele assunto. Ela saía tinha um ano com o rapaz. Saídas esporádicas, era bem verdade, mas enfim, saiam. Iam aos bares, à lanchonetes, à pizzarias... E a … A... Enfim, a “SÓ” esses lugares. Ela sabia bem que Marco Rodolfo gostava de sua cia. Achava agradável sua conversa e principalmente, a comia com os olhos. Então por quê, oh Senhor dos Senhores, do céu e da Terra, do escambau que o parta, ele não a “finalizava”? Sacou? “Finalizar”?

- Desculpa amiga, mas é que é engraçado. Veja bem, a forma que conta.

- Que forma meuuu, to me abrindo para você falando que o boy não me possui e você ri?

- Possui Mariana Alberta? Quem é que fala assim sem ser o coronel Jesuino!? - Audrey Maria se divertia com a situação.

- Para começar, nem é possuir que o Coronel fala, é lhe usar! - falou brava Mariana.

Audrey Maria riu mais alto. Era inacreditável o quanto Mariana Alberta estava levando aquilo a sério.

- Fala Dre, eu to gorda? Minha roupa tá cafona? Eu to com cara que usa calcinha bege? Acha que ele tem jeito de gay?

E a amiga ria. Ria de perder o folego, Não conseguia esconder o quão cômica achava toda aquela história.

- Para amiga! Fala comigo, conversa... Foca no assunto. Você tá entendendo a gravidade? O cara não quer me pegar nos finalmentes! A gente sai. A gente se dá bem. Não desejamos mal a quase ninguém, mas na hora do “toda história de “(fazer)” amor, tá faltando, sabe qual é?

- Não tem! Audrey, não ri Audrey. Faz isso não que magoa Audrey. To pedindo amiga.

- Desculpa amiga – falou ela com o fôlego entrecortado – mas é que não dá. Pode ser tanta coisa. O cara pode tá te respeitando, amiga, já pensou?

- Amiga, presta atenção amiga. Respeitar no primeiro dia, lindo. Respeitar na primeira semana, que romântico  Respeitar no primeiro mês: “Puxaaa, olha só, bofe pra casar”. Mas faz um ano Audrey Maria. Um ano que eu saio com o boy e nada! Se ele for pelo menos broxa, vou até dar um presente a ele. Pois, vou entender e ficar aliviada, o problema é com ele. Não comigo! Mas se não for Audrey Maria? E se não for, criatura?

O desespero de Mariana Alberta era visível.

- Amiga, olha só, me diz, o que ele te fala? - Audrey Maria tentou segurar o riso e levar a sério o drama de Mariana Alberta.

- Ele diz que não quer me perder! Que me respeita muito! Que não quer estragar tudo!

- Olha aí amiga, o moço tá te poupando do pinto pequeno dele.

- Audrey Maria!

- Audrey Maria o que? É isso minha querida, cola na minha que se passa de ano. O moço tem vergonha do tamanho desfavorecido dele!

- Amiga, se for pior? - Mariana Alberta quase sussurrou ao aparelho telefônico.

- Pior o que? - Audrey Maria disse quase impaciente.

- Se ele for virgem?

"Tu, tu, tu, tu"... Audrey Maria nunca respondeu a pergunta. Até mesmo por que as respostas poderiam ser milhões, das quais, ela por mais que se esforçasse não saberia justificar, nenhuma. Por que um homem não leva para a cama uma mulher? Você sabe dizer?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

GRITOS DE AMOR (OU NÃO) .



A noite tinha tudo para ser quente. Era a noite de comemoração de 9 meses de namoro. Nove perfeitos meses de relacionamento. E tudo estava indo bem, conforme o planejado. Pedro Pietro tinha feito uma reserva em um restaurante ótimo da cidade, comida surpreendente acompanhada de um bom vinho. Vinho, qual diga-se de passagem, tinha deixado Clara Zulmira “frisante”.

O próximo passo era um motelzinho. Claro, óbvio. Como se comemora aniversário de namoro? Levando a vó no parque, é que não há de ser. Nada contra as avós, mas enfim... Chegaram no clima e com tudo. Pedro Pietro com a mão no tche tche re tche tche já para fazer o lerele lerele, esperando que a sua Zuclinha pedisse todo o tchu e o tcha que eles tinham direito.

Deitaram na cama já puxando um a roupa do outro. Aquela loucura. Aquele calor. Aquilo! Sabe aquilo?

- Ai minha Zuclinha, fala aqui pro seu PP o que você quer, fala? - (eu quero tchuu, eu quero tchaa...)

Antes mesmo que Clara Zulmira pudesse devolver a resposta foram “interrompidos” por um som “suspeito” vindo além da parede, vulgo, quarto vizinho.

Tentaram ignorar e fingir que não tinha ouvido nada. Pedro Pietro firmou a mão sobre o corpo da sua namorada e sussurrou baixinho em seu ouvido: “Fala, fala.”. Ela ao ouvi-lo, sorriu safadinha e abriu a boca pra falar novamente. Mas foi neste exato momento que o som “além parede” surgiu de novo.

- Hey babyzita, deixa eles pra lá. Pensa aqui. Pensa em mim. - (chore por mim, liga pra mim, não não liga pra ele...)

- Ai desculpa PP, sabe o que babyzita quer? Quero gritar pra você. AAAAAAA. AAAAAAAAAAAAhhhhhhhhh. Uhhhhhhhhhhh. Vai PP, me faz gritar!!! - a intenção da Clara Zulmira estava clara, se me permitem o trocadilho. Ela apenas estava querendo encobrir os gritos vindos do quarto ao lado, que estavam tirando toda a sua concentração.

- Isso Zuclinha! Assim você me mata! - (ai se eu te pego, ai ai se eu te pego).

Só que os gritos dos vizinhos, vieram numa crescente a preencher todo o ambiente. Não eram gemidos, eram urros. Não era frases calorosas, era o próprio inferno queimando em brasa. Sendo assim, Pedro Pietro, também se rendeu a competição.

- VAI ZUZUCLA. ASSIM! VEM NENÉM – (vem neném, vem neném, neném vem...)

- TO INDO, MEU PP. PEGA NA MINHA CARNE E ME USA! - Oi? Clara Zulmira estava realmente desconcentrada, que tipo de pedido tinha sido aquele?

Só que nada adiantava, os gritos que moravam ao lado, estavam cada vez mais presentes em seus ouvidos. E eram de puro deleite, como se o mundo estivesse acabando ali e nada mais importasse.

Pedro Pietro já estava se armando para a guerra, tinha ideias na cabeça que iria fazer sua namorada gritar muito. Seria agora que ele ia mostrar aos coelhinhos vizinhos quem é que mandava ali. Encheu o peito de ar, começou a beijar o pescoço da sua namorada e ia descer... Clara Zulmira pegou rápido a intenção do seu parceiro.

- AI PP !!! QUE DELICIA PP! VEM SER O GONGO PRA NOS SALVAR!! - Oi? Heim?

“TRIMMM, TRIMMM.” O telefone tocou estridente pelo quarto. Pedro Pietro atendeu num misto de susto e curiosidade, logo veio uma voz séria em resposta.

- Senhor, por favor, cuidado com tanto barulho, já temos clientes reclamando.

- Aí o champs, tá reclamando com o quarto errado. Reclama com o quarto ao lado do nosso!

Desligaram e por um minuto houve um silêncio sombrio. Até que ouviram o telefone soar no apartamento “escandaloso”. Tentaram colar o ouvido na parede para ouvir parte da chamada de atenção, mas pelo menos ao atender o telefone o rapaz sabia falar baixo. Suspiraram aliviados e se olharam imaginando que teriam que reacender o fogo entre eles.

No entanto, para a surpresa de ambos, a reclamação teve efeito contrario e não demorou muito berros enfurecidos (de prazer, será?) adentraram ao quarto. Pedro Pietro não pensou duas vezes, para ele já tinha sido o bastante. Foi até a parede que os separavam e esmurrou a mesma.

- Aí o champs, qual que é? Ta transando ou tá ensaiando pra vender peixe na feira livre?? Vou aí, te enfiar uns supapos e quero ver você gritar, mas de dor, tá me ouvindo champs? - gritava ele, totalmente fora de si aos socos na parede.

“TRIMMMMM, TRIMMMMMMMMM”

- Senhor, por favor, não ameace o quarto ao lado. - a voz séria da portaria vinha novamente.

E assim, qualquer último vestígio de clima deu-se por acabado. Eles riram da situação. Aliás, gargalharam. Alto, diga-se de passagem. Não restava mais o que ser feito, além de vestir a roupa e ir embora.

Assim que pode parar de rir, escreveu um e-mail ao motel, relatando todo seu constrangimento e pedindo por uma reforma acústica no ambiente. Dias depois, recebeu uma resposta, com uma cortesia para um período. Mas desta vez, Pedro Pietro já estava decidido, levaria mordaças. Se não para eles, podia ser para...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

VOU DE TAXI, (VO)CÊ (NÃO) SABE.

Essa história é minha, minha mesmo, que vem da situação: "aconteceu comigo". Por isso, não terá nome composto. Ou quase terá, pois teremos também o Ronisvaldo. E juro, é de verdade, este é o nome. Quase composto, certo?

Sabe uma situação que você nunca imagina passar? Pois então, ela acontece. Mais cedo ou mais tarde, de onde você menos espera, ela acontece.

Eu pedi um taxi (em uma companhia conhecida de taxi de São Paulo), ato corriqueiro para mim. Sou preguiçosa, adoro taxi! E logo recebi a mensagem no celular: "O seu motorista Ronisvaldo, já se encontra no local". Segui para o carro. E como procedimento normal, informei o local de destino. Após me ouvir, logo me questionou:

- Sua voz é sempre assim? - referindo-se a minha roquidão.

- Não, não é. - ri, já acostumada a pergunta. - Está assim devido a uma alergia.

- Nossa, alergia... Desculpa dizer, eu achei sexy.

Bom, este é o momento de que eu falava acima, coisas que acontecem quando você menos espera. E diante ao inesperado, apenas sorri.

- Mas é alergia, como rinite? - prosseguiu ele no papo. - Alergia a tapete, cortina...

- Isso, é rinite. Mas não tenho nada disso em casa, porque sei que faz mal.

- Nem cachorro ou gato?

- Nem isso.

Ele riu de canto de boca, me olhando pelo retrovisor, e arriscou-se:

- Nem cachorro de duas patas?

- Não, nem esse. - apesar que sabia que deveria mentir nesse momento, mas a verdade saiu mais rápido que eu pudesse controlar.

Sim, a pergunta já era o segundo atrevimento da noite, mas mal sabia eu que o pior ainda estava por vir.

Ele virou-se quase que assustado para trás, olhando-me desacreditado. E por um momento, o carro levemente desgovernou.

- Como pode?? Como assim? Isso é sério mesmo, você é solteira?

- Sou. - respondi com toda a paciência que Deus me abençoou.

- Não fala isso! Não posso acreditar! Você solteira, eu solteiro, assim fico com vontade de te agarrar aqui mesmo! - falou sem pausas e bastante eufórico.

Para tudo! Congela. Imagina. Crê? Pois então, difícil de acreditar, certo? Certo, não te tiro a razão... Eu sempre estou escrevendo histórias não é mesmo? Poderia estar inventando: "Ronisvaldo, o maníaco do taxi.". E é por isso, mesmo, por esta sua dúvida que eu já previa, eu comecei a gravar a conversa... Que em algum momento, alguém descobriria esta gravação e ficaria sabendo, que meu rim, foi levado por Ronisvaldo, o taxista.

- Para o carro. - falei entre os dentes.

- O que? Sério? Quer que eu pare?? Eu paro agora mesmo! - entendendo o que bem lhe convinha, que era, que eu estava enlouquecida por ele, e ao ouvi-lo dizer que iria me agarrar, desesperadamente pediria: "Pare o carro Honey, e me agarra então agora!".

Oh Ronisvaldo, meu filho, desce pra Terra, né queridão!

- Para o carro que é pra eu descer!!!! - falei bem séria.

Mentalmente o vi molhado por um balde de água fria.

- Não, Aline, desculpa. Desculpa minha espontainedade. Juro que não fiz por mal. É que é muito para mim acreditar que você é solteira. Até fiquei desnorteado agora.

- Você não tem GPS? Não há necessidade de ficarmos perdidos agora.

- Claro, não vamos ficar perdidos meu anjo, fica tranquila. Não se preocupa, que você não vai pagar mais do que o justo. Até mesmo porque, o dinheiro é o que menos me interessa agora. O que importa no momento, é a sua compania.

É, meu amigo-leitor, Ronisvaldo era guerreiro e não desistia nunca!

- Você é sempre tão carente assim com seus passageiros?

- Não, meu anjo, não é carência, e claro que não sou assim. Nem posso ser, mas não é todo dia que entra no meu taxi uma mulher tão atraente. Você me atraiu mesmo.

Neste momento, eu já estava rindo. Não tinha como! Era muito absurdo. E já que estava absurdo, podia piorar mais um pouco, não é? Ele começou a me descrever com detalhes, as séries de musculação dele. Como ele tinha facilidade para pegar músculo. E mandou um: "Posso ser seu personal trainner, se quiser." no meio da narrativa esportiva. No entanto, obviamente era mentira, que ele mesmo concluiu com:

- Por você, viro o que você quiser!

Entregou-me seu cartão, e ao ser perguntado se ele ficava em minha região, tive que ouvi-lo responder:

- Eu fico na sua porta, meu anjo, assim que você me chamar, eu vou estar na sua porta te esperando.

Perguntou? Toma, tem resposta.

Finalmente, chegamos ao meu destino. Ele reforçou ainda o pedido para ligar para ele sempre que eu precisasse de "qualquer" coisa. Que claramente, se implicava em além das habilidades taxista dele.

- Não esquece Aline, se precisar me chama. Vou estar na porta da sua casa, com uma bandeja cheia de bala de gengibre te esperando.

Balas de gengibre... Mereço?

O pior que essa semana peguei um que me chamou para um pagode... Mas bom, isso seria outra história...


PS: Não denunciei o Ronisvaldo para a cia de taxi com a minha gravação e nem penso fazer, afinal, ele me rendeu um post, e isso tem lá sua valia...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

HOMENS, E A FALTA DE DINHEIRO

Péricles Januário queria muito que Moni-Cleide entendesse sua condição financeira atual. Queria muito que compreendesse que seu humor, ou melhor, seu mau humor era obviamente explicado por isso. E bastaria a ela, então, ficar quetinha e principalmente, sem gastar!

Porque para o homem, tudo perde a graça quando ele está sem dinheiro, com excessão do sexo, claro. E do futebol. Futebol acima de tudo, salve, salve. Mas o resto? O resto fica preto e branco. Fica insignificante. E isto inclui suas mulheres. Ao menos, que elas queiram fazer sexo. Já disse isto, não é?

Então, por que raios a Moni-Cleide não entendia que o remédio para o problema era apenas fechar a boca e a carteira? Carteira dele! Mas não... Lá vinha ela, falando. Falando sobre os gastos do dia.

- Pequinho, (Abreviatura carinhosa de Péricles de um jeito mais fácil e bonitinho. Enfim, tenho certeza que vocês já tinham entendido isto, antes mesmo que explicasse.) tava incrível! – disse ela toda excitada.

- O que estava incrível Moni-Cleide? – ele se arrependeria da pergunta, não tinha a menor dúvida.

- A promoção da Marisa! IN – CRI – VEL ! Uma saruel incrível por R$ 29,90, acredita!?

Péricles Januario respirou fundo, umas três vezes para ser mais precisa. Porque precisaria ir por partes. Passou lentamente a mão no rosto, na busca vã de controlar o nervosismo. Ele teria que enumerar as questões:

1 – Quantas vezes ele teria que ouvir a palavra incrível no mesmo dialogo em menos de dez minutos?
2 – Por que ela gastou, se ela SABE que estão em contenções de gastos!?
3 – Que raios é uma saruel????
4 – A última não era uma pergunta. Apenas uma constatação. Ele odiava a Marisa.

- Moni-Cleide... – ele queria não alterar o tom de voz, porque de verdade não queria magoá-la, mas ela PRECISAVA entender a situação.

- Ah mas você não sabe, o mais incrível-mara!! – ele respirou fundo, pelo menos agora, é “incrível-mara”. – Adivinha? Os Sneakers! Estão num preço muito melhor que em qualquer outro lugar.

- Moni-Cleide! Você não sabe que não estamos podendo gastar!? Qual é o problema, eu não acredito que você comprou essa tal saruel e mais um… um… Bom, se Sneakers não for o nome de um chocolate barato, é bom você nem me falar o que é!

- Como você ta grosso, Pericles Januario. Claro que Sneakers não é um chocolate, é um tênis com salto. Ultimo grito da moda!

- Grito, eu tenho vontade de dar com você!

- Amorex, eu já disse, estava na promoção…

- Incrivel! Eu ja sei Moni-Cleide.

- Sim! Isso! Fica tranqüilo, parcelei, nem vai sentir.

- Ta, nem quero mais falar nisso. Chega.

- Melhor, porque é uma bobagem. Vamos pedir pizza?

Péricles Januario arregalou os olhos e quase não pode crer no que ouvia. Não tinha jeito, as mulheres nunca entenderiam. Nunca! Sexo, aposto, que agora ela não queria fazer...