quarta-feira, 27 de agosto de 2008



A ARTE DE DISCUTIR A RELAÇÃO

Richard Ricardy nunca gostou de discutir relações (como todo bom homem!). Tem uma imensa dificuldade em expressar sentimentos e de colocar em palavras tudo que lhe aflige. Mas ele sabia que algo muito profundo incomodava Adriely Renatta e queria então, resolver e tirar este fardo que insistia pesar em suas costas. Foi quando teve a brilhante idéia para surpreendê-la...

Adriely Renatta ouviu a campainha e se colocou a pensar quem poderia ser naquele horário inesperado... Ao abrir a porta deu de cara com um palhaço excessivamente colorido. Segurando em uma das mãos um monte de balões de coração rosa-brega, na outra um papel e sem dar-lhe tempo de nada já se pôs a falar:

- Querida Adriely Renatta, que meu coração sempre arrebata. Faz-me tão feliz e assim também a quero fazê-la. Por isso vim aqui entendê-la. Dar-me toda a minha emoção se assim desejar como presente. Falar desta relação da gente. Que deixa minha vida mais animada, apesar de estar uma relação meio quebrada... Por isso estou aqui de coração para a gente discutir a relação...

Dito isso, o palhaço fez uma reverência e detrás dele saiu Richard Ricardy segurando um buquê de flores, encarando Adriely Renatta que trazia na face aquela expressão de “Ah?”.

- Minha querida vim aqui para conversarmos, pois, sei que você não está tão feliz comigo. Quero poder saber o que há de errado para consertar e seguir com você por toda a minha vida.

Adriely Renatta o mirou ainda confusa e depois olhou fixamente para o palhaço que como um bobo permanecia lá parado.

- Diga para ele o que lhe incomoda Srta Adriely! – o palhaço vibrou.

Ela apertou os olhos, empinou o nariz e com uma voz desafiadora começou a falar...

- Não estou entendendo nada do que está acontecendo aqui. Você deve ter ficado louco ou coisa parecida, mas se quer mesmo saber, existem mil coisas em você que me incomodam. Muito! Para ser ainda mais sicera...

- Estou aqui para te ouvir Drielynha. – o namorado permanecia ali completamente desarmado a espera do bombardeio.

- É a sua chanceee ê ê ! – o palhaço continuava no papel de expectador... Mas silenciou sob os olhares feios que lhe foram lançados.

- Bem Richard Ricardy, você tem a irritante mania de fazer perguntas idiotas. Do tipo se eu chego da rua molhada me pergunta: “Está chovendo?”. Não, imagina né? É que em vez de usar o carro, eu usei a máquina de lavar pra sair. Essas perguntas cretinas me cansam sabe!? Você também pergunta:”Que horas são AGORA?”. Já há explicito o presente no verbo, para que dizer o agora? Diz! Você fala coisas demais desnecessárias... E aquela sua outra mania de não me ouvir quando está sem óculos. Só consegue me entender se estiver com a droga do óculos na cara. O que tem uma coisa a ver com a outra, meu Deus?! Fora quando está com pressa fica lá apertando o botão do elevador sem parar achando que isso faz ele chegar mais rápido. Desnecessário, vamos falar sério Richard Ricardy. Mas nada é pior do que suas manias com o celular. Tem mesmo que conferir seu celular quando o celular de OUTRA pessoa toca? Você sabe qual é o seu toque pra que tem que olhá-lo? Ou então, quando o atende fica lá andando de um lado pro outro, não pode atendê-lo parado? Não consegue? E quando você um número na bina, retorna e pergunta: “Você me ligou?” CLAROOO que ligou! Não está vendo na bina? Para que perder tanto tempo na vida com perguntas ridículas? Ainda mais, se alguém te liga engano você responde: “Não existe ninguém com esse nome...” Ninguém se chama Paulo ou Pedro ou Ana? Poupe-me, estou cansada das suas manias sem sentido!

A explosão de Adriely Renatta foi tempestuosa mas esperada... Richard Ricardy suspirou desanimado...

- Amigo, fique relaxado, eu faço muito dessas coisas! Caramba né? Quanta coisa inútil. – disse o palhaço pensativo.

- Se eu prometer melhorar você me perdoa zunzunguinha? – disse ele cabisbaixo num fio de voz.

- Mesmo? – Ela o olhou questionadora e o viu acenar que sim com a cabeça – Ohh meu bebê dindo, eu te amo tanto! Sei que pode conseguir!

-Aê Aê O Amor venceu macacada!

- CALABOCA ! – Berrou o casal entre um beijo e outro. Entraram para a casa, deixando para trás o palhaço batendo com o nariz na porta...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008



O DIA SEGUINTE


O despertador toca... Aquela música que quando você a escolheu como toque parecia ser agradável. Mas não, ela é chata pra caralho! Você tenta convencer seu cérebro que hoje é domingo, e você nem precisa abrir o olho. Só dar aquela puxadinha no edredom para tampar a claridade, suspirar... Sorrir... E dormir !!! Mas nãoooo. Hoje é uma droga de um dia de responsabilidade.

Ontem, aquela noite linda. Conversas. Cervejinha. Amigos. Cerveja... Um bom jantar... Breja gelada!!! E vamos que vamos. Tudo é lindo e a vida é cor de rosa. Mas me diz quem inventou a droga do dia seguinte? E a porcaria da ressaca, quem foi? Diz para mim quem foi, que eu pego de porrada, fácil !

Claro que seu chefe vai ser incapaz de compreender que você teve um momento “out stress” na noite passada, que ainda estava sob esse processo hoje pela manhã e precisava ficar dormindo. E que isso iria contribuir com seu desempenho na empresa. Um funcionário descansado é definitivamente, um funcionário mais produtivo. Mas não, ele não quer nem ouvir sua desculpa para o atraso.

Então, você abre aquele pesadelo de planilha e começa a olhá-la. Você vê um monte de letras e números. Mas estão todos brigados, porque não se encaixam e não formam palavra nenhuma. Desiste da planilha.

Abre seu outlook. E-mails. Ler e-mails para pegar o tranco dos acontecimentos. “Shampoo Esperança”, não este não interessa. “Obrigada pelo retorno” bla bla bla. “Conheça nossas novas promoções”, ah pro inferno com isso! Deixa os e-mails pra lá, não tem nada de interessante.

O telefone toca. O chefe. Mil recomendações. Duas mil tarefas. Três mil e duas perguntas e desliga. Viro para pessoa do meu lado e pergunto: “Qual foi a primeira coisa que ele disse?” , a pessoa responde “Bom dia provavelmente”. Ok, vou tentar me concentrar nesta primeira ordem então. Um passo de cada vez.

A cabeça roda. O corpo pesa. Café! Por favor, café!

O fornecedor te liga. O cliente te cobra. O chefe “te grita”. E você os olha como tudo acontecesse em slow motion, e tenta entender porque eles correm... Por que falam alto? Por que não somem?

Se Deus quiser falta pouco pra 18hs. Olha o relógio esperançosa... 09:45hs.

Oh, droga! Nunca mais eu bebo. Certeza.