quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

NO EMBALO PARA 2011

Nesta história eu vou me chamar Amanda Claire ("eu" de eu mesma, como uma personagem só para fazer uma graça e não fugir do padrão.). E minha história, ou melhor, a história da Amanda Claire é um tanto quanto comum. Mas é a vida dela, e logo, para ela, especial.

Amanda Claire estava repensando em seu ano. Ano que voou. Parecia que 2010 tinha acontecido em 3 meses. Ficou impressionada por ser ver a poucos dias do final. E este ano que findava havia sido realmente bom para ela.

Não, ela não havia se casado, como sua mãe sempre desejou. Ou comprado um apartamento com muitas pessoas a sua voltam insistiam que ela tinha que o fazer. Mas este ano, ela havia sido mais livre. Foi mais madura nas decisões. Mais consciente nos seus planejamentos e mais certa de seu caminho.

Em 2010 Amanda Claire mudou de emprego. O que foi extramente gratificante a ela. E o que ela achava que trabalhava muito, mudou para trabalhar absurdamente mais. Mas o que importava, se ela fazia o que gostava? Alias, amava. E por todos os lados ela estava se sentindo compensada?

Neste ano tambem ela se livrou de algo. Uma amarra do passado que lhe fazia mal. Libertou sua alma disto e hoje caminha mais leve pela vida. Talvez um pouco mais triste, mais sem esperança. Mas isso, é algo que o Sr. Tempo há de recuperar para ela. E no fim, o acontecido tornou-se bom. Muito bom!

Amanda Claire recuperou amizades do passado. Viajou para lugares bonitos. Conviveu com pessoas que ama. Viu sua mãe mais vezes do que o costume. Dividiu com seu pai todos os momentos por qual passou. Cozinhou para quem a quer bem. Conheceu pessoas novas e descobriu carinho por elas. "Re"conheceu pessoas proximas, e descobriu nelas deliciosas amizades. Quase perdeu uma amizade que é muito especial, mas recuperou a tempo.

Este ano Amanda Claire começou tambem a criar o seu mundo exclusivo. A montar um "universo" exatamente como lhe agrada e ficou muito feliz quando viu que tudo conspirava a favor. Ao que tudo indicava ela escolheu mesmo o momento certo para transformar tudo. E a energia renovada só lhe trouxe felicidade!

Em 2010, era bem verdade, que Amanda Claire havia tirado férias do amor. E até mesmo desacreditado um pouco dele. Mas nem isso tinha sido ruim para ela. Aprendeu a se gostar mais. Comprovou o que sempre soube, que se vira muito bem sozinha. Talvez no ano que vem ela se de uma nova chance, mas enquanto isso não acontecia, ela ia continuar descobrindo o amor por si própria.

Portanto, ela só tinha a agradecer a tudo que havia passado!

O novo ano, de 2011, estava aí batendo a sua porta e com uma promessa fantástica de dar continuidade a tudo que vinha acontecendo. Amanda Claire iria fazer por onde. Afinal, em 2011 ela virará balzaquiana e isso haverá de ser especial não é? Nos vemos, então, ano que vem para contar as aventuras de uma mulher de 30. (Mas não ache que voce escapará de virar história também. Como eu dizem por aí, aconteceu, virou manchete. rs).

To de malas prontas, 2011, aí vamos nós. Até!

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

MAS O GATO – TO…

Um casamento. Um casal. Dois gatos. Ou mais ou menos isto. Ou quase isto. Ou era para ser isto, mas na verdade, deixou de ser.

O casal era recente, se conheceram na faculdade, entre festas, amigos e provas. Encontraram afinidades e resolveram namorar. Encontraram pedras no caminho e se separaram. Mas voltaram. Uma nova briga, nova separação e nova reconciliação.

Um dia ele jurou que seria a ultima volta. Ela, por sua vez, pressentiu isto e mudou. Milagrosamente se tornou uma nova mulher. Para o espaço as inseguranças. As favas o ciúme. Ah o amor, o tão doce amor. Era só isto que restava nela. Amor e muitas felicidades pela frente! Será?

Ele imaginou que então era esse o momento da vida que se desistia da bicicleta e partia para o casamento. Ficou animado com a idéia. Aproveitou que ela já tinha apartamento próprio e já começou a orçar a reforma para que tornasse o lar deles. Foram as lojas e providenciaram moveis novos. Providenciaram também a festa de noivado. Família! Amigos próximos! Cerveja!

E tudo tinha o script para uma historia feliz de um romance normal... Já tínhamos o “casamento” , já tínhamos o “casal” mas agora íamos para os “dois gatos”. Era onde o apcie do principio do fim se daria.

Ele, em um dia corriqueiro, havia ido para o apartamento ate então só dela, para aguardar o pintor que iria fazer um orçamento. Aproveitou o tempo ocioso de espera para arrumar seu futuro lar. Rodo, desinfetante e aspirador lhe fizeram Cia por um tempo. Quando tudo estava brilhando e cheiroso, ele aproveitou para tomar um banho, logo em seguida ia fazer o pedido de uma comida delivery para a sua futura esposa e esperá-la com tudo pronto, apenas para que ela desfrutasse. A intenção era boa, certo? Calma, pois, ainda não falei dos gatos.

Nesse meio tempo em que ele saia do banho, pedia a comida delivery, e aguardava sua noiva que estava a caminho, os gatos se instalaram no quarto (debaixo da cama para ser mais precisa). Quarto limpo! Sem nenhum pelo. Quando ele se deparou com os bichanos, quis enxotá-los não por maldade, mas pela limpeza que ele havia feito com tanto cuidado. E pela surpresa que ele queria fazer a noiva. Tentou dar um comando só com a voz e recebeu um olhar de “nemteligo”. Tentou puxá-los com a mão, recebeu um arranhão como resposta. Pegou o rodo e enxotou sem nem mesmo encostar e nada... Ele resolveu levantar o Box da cama neste momento para finalmente pega-los, neste momento uns dos gatos saiu correndo sob um safanão e neste “pegapacapá” o Box escorregou e caiu, prensando o segundo gato. Ele assustou puxou correndo o Box da cama para cima e o gato saiu de La com suas seis vidas dando um miado estridente. Vivo enfim.

Na mesma noite, a sua noiva o questionou sobre o gato, se algo havia acontecido. Ele preferiu engolir a historia para si e omiti-la. Mas na manhã seguinte, ela novamente o pressionou, informando-o que o gato estava com a barriga roxa. Foi quando ele sem muita opção derramou a verdadeira historia.

Para sua surpresa, foi atacado furiosamente por sua noiva. Chutes, socos e ponta-pés foram dados aos montes. Ele apenas se defendeu dos golpes. O “bafão” estava feito. Os vizinhos ouviram os gritos, os mais intrometidos chamaram a policia. No local a policia o encontrou todo machucado e encontrou também a recusa dela, de descer. O caso foi mais ou menos esclarecido. E ao final veio o conselho do policial: “ Vou te dar um conselho, não de policial, mas de homem sobre essa mulher: VAZA!” .

Ele entendeu bem o conselho. Acabou-se o casamento. Acabou-se também toda a esperança. Ela o denunciou a assossiação protetora dos animais. Isto custou R$ 500,00. Os moveis por sorte deu tempo de cancelar. O pintor, por bem, nem havia chegado a ir. Por um tempo foi motivo de chacota: “Hey amigo, sua mãe cantava muito atirei o pau no gato para você?”. Mas ia passar. Ele sabia.

Semana passada precisou voar a trabalho, ao seu lado no avião sentou-se uma mulher bonita, bom papo. Afinidades. Foi quando ela comentou: “Estou preocupada com minhas filhas.” Ele a questionou sobre as crianças quando ela na verdade esclareceu que eram apenas suas duas gatas. Neste momento ele desejou fortemente que existisse um botão de dar sinal, pois, queria desesperadamente descer no “próximo ponto.”

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

MÃE, VOU MORRER SOLTEIRA

Mãe, desculpa, vou morrer solteira. Sim, bem desse jeito direto. Ah vá, não tenho paciencia não Cristo. A menor, pra ser mais precisa. Sou cercada de histórias de relacionamentos e cada uma delas me roubam um pouco mais da minha paciencia.

Minha amiga acaba de me contar uma historinha. Esta paquerando um cara na internet. Frescura pra cá. Frescura pra lá. Nhem nhem aqui e ali. (Só isso me faz bufar de impaciencia!) Mas é então que a historia piora. Por esses dias uma amiga do dito cujo adicionou ela, dizendo que ela tinha o jeito de ser gente boa. Ah tá, baby e eu nasci ontem! Quero ver cristo descer na terra (se é que ele ta lá em cima, quem garante? Pode estar ao lado... ou sei la onde) e me convencer que essa garota não tá é caçando assunto! Ta é querendo saber quem é, minha amiga, é porque ta se sentindo ameaçada. Vai saber se com a mesma frescura que ele adoça uma, ele não tá confeitando o bolo da outra? Valha-me , to é correndo dessas confusões.

Tem um outro casal de amigos, que minha amiga reza, o marido diz amem. Minha amiga anda. O marido anda. Minha amiga vai na esquina, o marido faz o que? Nem vou responder... Não precisa ser muito inteligente pra deduzir o que acontece... Agora me fala, ve se eu tenho idade para brincar de macaco mandou? Não tenho não, meu querido, mas não tenho é mesmo!

Acontece também os famosos casos de monitoramento. Minha amiga chega no escritorio liga pro namorado: "Xu, cheguei no trabalho." Vai para o almoço: "Xu, to saindo pro almoço, vou comer macarrão" Só o "Xu" ja é o suficiente para me impacientar, falar o que ta fazendo me faz desejar tomar cianureto com coca cola. O que muda na vida do ser humano que tá longe (!!!) saber cada dez passos dela! Namorada GPS. "A quinhentos metros, eu virei a esquerda".

Quem não tem amigo que fica chato quando começa namorar? \o Eu! \o Eu tenho! Eu tenho e não tenho a menor paciencia de disfarçar que O D E I O quando ele esta namorando. Convida-o para fazer uma coisa... "Ah não posso combinei com a bonitinha que vamos no parque..." PQP, com o perdão do palavrão. O que tem tanto na porcaria do parque pra ver, que isso é todo o final de semana? Ahhh o mesmo verde... ahh os mesmos passaros... O mesmo lago... Tudo tão tão.... O MESMO porra! Cansa não??? Eu heim.

E as cantadas de balada? Para essas a minha paciencia se acabou de vez. Nem a minina eu tenho, ja era mesmo. Chego ir de aliança para balada para que não me encham o saco. Faço a maior cara de mau para que não cheguem perto. E digo logo que sou lesbica para os que ainda se atrevem a me dirigir a palavra. Agora me diz se dá para ter paciencia quando alguem vem e te diz: "Seu nome é Tamara? Por quê você Tamaravilhosa, heim!"

É por essas e por outras que não vai dar não. Ahhhhhhh não! Passem na minha proxima encarnação e tentem de novo. Porque nessa, mãe me desculpa mesmo, mas eu vou morrer solteira!

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

AMIGOS PARA UMA VIDA TODA

Eu ia escrever um texto triste hoje. Sem nomes compostos. Sem trocadilhos. Ia escrever sobre uma fase estranha. Esses pontos cruciais da vida que voce não tem como fugir do mal. Mas foi então, por acaso, e ao mesmo tempo que estou aqui trocando emails com amigos. E me dei conta que tudo pode não ser flores, mas que há no caminho pessoas que fazem tudo ser mais facil de enfrentar por seus apoios.
São velhos amigos de longa a data. De tantos anos que mal me lembro quando foi o nosso "primeiro ano".

Mas me lembro bem a primeira vez que vi a Ju Garcia, Menina, Roxinha... Estavamos na rodoviaria do Tiete pronta a comprar a passagem de nossa primeira viagem. Vi logo o sorriso facil. Vi de cara a simpatia e amizade de alma.

Assim como me lembro muito bem a primeira vez que vi o Chico... Na calçada da Cardeal Arco Verde, eu o olhei e não tive duvidas ao dizer: "Chico? Eu sou a Li!". A mesma Li que vou ser pro resto da vida dele. Os mesmos olhares verdadeiros que se cruzaram desde a primeira vez...

E nesse mesmo dia, muito em seguida vieram Lena, Karina, Igor, Mari, Cryz, Romulo... Veio até o Sebas, o nosso amigo argentino, mas este neste dia apenas por telefone. A Judy veio pouquinho antes deste dia... Justamente porque não poderia estar nesta festa (diga-se de passagem o meu aniversario) . Um pouco tempo depois se agregaram Ronaldo e Fabio.

São essas as pessoas que me trouxeram a vida de volta. Que literalmente pintaram o meu mundo de colorido. São dessas amizades que podem se mudar de país ou estado como já aconteceu com o Romulo. Que podem se casarem ou separarem, como foi o caso do Chico e do Sebas... Que podem se enlouquecerem com o tempo querendo fazer mil coisas como é com a Ka e a Mari... Que mesmo com qualquer rumo que tome a vida, eu vou os levar comigo.

Levo cada mensagem especial em datas importantes que recebo do Cryz. Levo cada conversa de msn que a Lena tem comigo off line, escondidinha mas sempre pronta para me dizer que não se esquece de mim. Levo cada jantar com a Karina. Cada garrafa bebida com o Fabio. Levo cada desabafo contado pela Judy. Cada peça estranha que vejo com a Mari. Cada sessão de filme que tenho com o Chico. Levo cada conversa longa com o Sebas sobre o amor. Levo a sempre tão divertida "troca de gentilezas" com o Ronaldo. Levo do Igor... Do Igor... Ai, posso pensar?

Pois então, ja é repetitivo e lugar comum dizer que amo cada um em sua particulariedade. Que amo cada detalhe da nossa história e que voces SÃO a minha história. As pessoas com quem eu velinha vou estar junto.

Por isso, se sou eu a mãe desta brincadeira toda, eu to mandando que voces jamais esqueçam uns aos outros, porque amizades que resistem a tudo não são todas as pessoas que encontram, só os abençoados Obrigada por isso por me tornarem alguém abençoada!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

CLIKA - ME!

Kathe Jessica achou que tinha encontrado a solução para sua vida. Que sua vida se dividiria antes e depois daquele site de relacionamento. Solidão nunca mais. Aos romances vida longa! (Coisas de gente encalhada sabe? Desiludida e tal)

De repente se sentiu bonita (É daquele jeito, fotos com photoshop, closes rosto que escondem "aquela" barriga...). Melhor, se sentiu a ultima chocolícia (sabe a bolacha boa "bagarai"?) do pacote. Começaram aparecer milhões de rapazes interessados nela! ( Ou intessados em sexo. Ou interessados em tirar uma onda... Ou foda-se. Quem se importa?? Quick Massage no ego também era bem vinda, obrigada!)

O que importava que neste momento todo mundo era lindo. Todo mundo morava bem e todo mundo era próspero. ( Porque realmente Kathe Jessica nunca tinha visto nesse site alguém morar mal. Nunca tinha visto ninguém desempregado. Pai de quatro filhos.) Só via playboys viris. E o que ela poderia querer mais?

Todas as conversas tinham como finalidade o casamento, ficar junto eternamente e troca de juras. ( Mesmo que ela mal soubesse de onde ele vinha ou quem realmente era. ) Todos os homens quais ela ali conhecia nas primeiras trocas de emails e mensagens eram os verdadeiros príncipes.

Mas, infelizmente, os sapos não podiam se esconder por tanto tempo. Os sapos arrotavam, viravam ogros na quarta feira e davam desculpas esfarrapadas quando falava-se de se encontrar na real. Ainda não respondiam mensagens de celulares durante a noite ou finais de semana. (Hum, hum? O que pode sugerir quanto a isso? Príncipes só atendem em horário comercial??)

Foi por tais desestímulos que Kathe Jessica mal acreditou quando um árabe charmoso, empresário (dono de box na Santa Efigênia (parênteses do parênteses: rua de comércio de eletrônicos em SP, tipo cotrabando legal, sabe? ( parênteses do parênteses do parênteses: talvez seja ilegal, mas e daí? É mais barato para quem compra, e isso que a princípio parece importar, não é? ) Parênteses do parênteses do etc e tal: Ta, eu sei que não é botino e nem honesto o que falei, mas enfim...) ) ) ) quis encontrá-la de verdade. Em carne e osso. "Olhos, nos olhos, boca na boca... que coisa louca...a gente se encontrar outra vez... " (Último parênteses, prometo! Não vou contar de quem é a música citada, e tenho dito.).

Arrumou-se da melhor forma (Calcinha nova. É assim que mulher se arruma para um encontro promissor). O moço das Arábias tinha mandado um táxi buscá-la e levá-la até sua casa, do outro lado da cidade (nesse momento Kathe Jessica tratou logo de mandar uma mensagem de texto para uma grande amiga. Porque caso perdesse um rim, era em "tal" endereço que deveriam ir buscá-lo!).

Chegou lá foi recepcionada por ele com dois beijos exagerados no rosto, dois "brimos" e uma comida extramente temperada. (Preferiu ocultar a parte em que eles dançaram com os ombros para demonstrar-lhe a alegria em vê-la). Conversaram. Riram. Beberam uma "51" que eles chamavam de Arak. E foi com uma dessas na cabeça que ela já começava a pensar: "Mas e aí?? De três não dou conta!". Só que não demorou muito os dois "brimos" deixaram o apartamento, restando apenas ela e o árabe charmoso. Tomada por um minuto de desconforto e timidez, ela pediu licença e foi até o banheiro. O árabe, neste momento, lhe prometeu: "Vá, vá e quando voltar terá uma surpresa!".

Kathe Jessica minutos depois saiu do banheiro ( e antes tivesse ficado lá!) e encontra o árabe deitado no sofá com as mãos na cabeça, uma perna dobrada e a outra esticada (pose de gatinho sabe?) apenas de ... Cueca vermelha! (Pense!!!!!). Com cara de lobo mau das arabias (seja lá a cara que for esta!). À Kathe Jessica só lhe restou uma crise de riso, ja logo imaginando que este "pretendente acasamentoevidafelizparasempreeternaenquantodure" seria bloqueado amanhã no site. Havia mais principes a serem conhecidos e os próximos que usassem cuecas brancas (pelo amor de Deus!).

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

CURRICULUM VITAE DE MERDAM

Lá estava ela em frente a sua possível empregadora nova. Não tinha muita prática em deixar de ser ela mesma, sendo assim, fosse o que Deus quisesse. Não ia fazer tipo. Nem medir as palavras. Nem concordar com nada quando fosse apenas para agradar. Enfim, como disse, sem o menor talento para atriz.

Era a primeira vez que ela se encontrava nessa situação. Empregos sempre brotaram a sua porta sem que ela precisasse ser entrevistada. A única entrevista que ela imaginava em sua vida era a do Jô (Soares, sabe?). Sim, um dia ela iria sentar naquele sofá e falar do seu livro. Mas isso é outra história, vamos voltar a entrevista.

A empregadora a olhou de modo simpático e disse sem reservas, que não estava concentrada na conversa, estava pensando em mil coisas. Pensou automaticamente: “Vamos nos dar as mãos!” e quando externou o pensamento, a mulher suspirou aliviada e silenciosamente agradecida por ela a compreender. E então, disse que abriria seu currículo para focar nela e automaticamente, desta vez, pensou: “Ferrou.”.

Por que ferrou? Porque currículo, na sua humilde opinião é balela. Muita ladainha para pouco feito. Não que o currículo dela esteja mentindo em algo. Não está. E talvez seja justamente por isso, que de repente não estava atrativo. Currículo para ela é conto de fadas, acredita na historinha quem quer. O que vale mesmo é a experiência de vida. E esta ela tinha bem.

Tinha varias graduações em sua vida. Em diversos cursos. “Como se recuperar pós rebeldia adolescente.” , “Supere mudança de cidades, amigos e vida”, “Amores que vem e vão.” com especialidade em “Feridas que se fecham.” , cursou também “Pedras no caminho, obstáculos que você pode e deve ultrapassar.” E ainda, um curso de economia bem importante: “Como sobreviver quando seu salário acaba no meio do mês?”. Sua experiência de vida ia bem além das palavras difíceis copiadas de internet que se tem em um currículo.

Ela acreditava nisso. Na sua capacidade. Sua vivência. E não ia fingir ser intelectual. Muito mais que “ter” diploma. Ela “era” o conhecimento pratico. Não que desmerecesse aos que estudam. Obvio, que não. Mas desmerecia a falta de ponderação. Há casos e casos. E em certos casos, uma faculdade não diz nada.

Havia enviado seu currículo aquela empresa na tarde anterior e muito rápido foi chamada para conversar, logo no dia seguinte. Mais rápido ainda se passou o tempo da entrevista, apesar dela ter ficado uma hora lá respondendo todas as perguntas sem pestanejar. Ela se sentiu realmente bem no ambiente, sentiu-se aconchegada. A entrevista (aquela que foi a primeira em sua vida!) levou um rumo descontraído e de entendimento mutuo. A empregadora informou-a no final da conversa que recebeu em torno de 400 currículos, que já havia entrevistado outras pessoas e que tomaria sua decisão após 3 dias, logo assim ela seria comunicada na data estipulada. Ao se despedirem ela ainda arriscou uma despedida ousada: “Nos vemos semana que vem então.” A empregadora sorriu e não pode deixar de dizer: “Vou torcer!”

Duas horas depois, ela recebia um telefonema informando-a que a vaga era sua. Segunda – feira, próxima, começa sua nova vida e mais um “capitulo” do seu currículo será escrito.



terça-feira, 5 de outubro de 2010

ELEIÇÕES, DESAVENÇAS E PIZZA

Julie Anete sabia que corria o risco, que a possibilidade era grande, mas ainda assim preferiu torcer contra. Preferiu rezar (em vão) até o último minuto que isto não acontecesse. Bobagem a dela. O destino era certo. E lá estava ela, novamente de frente ao seu ex marido.

- Ora, ora quem eu vejo... – disse ele no tom sarcástico costumeiro, o mesmo que fez minar o seu casamento.

- Achei que fosse transferir seu titulo de eleitor para perto da casa da sua mãezinha Jacinto Benedito.

Lá estavam os dois no dia da eleição, ele saindo da sessão enquanto ela aguardava para votar. Pois, desde que se casaram e compraram o apartamento (hoje, habitado só por ela) transferiram seus títulos para a escola mais próxima e por algumas vezes fizeram o ato de cidadania juntos. Ela achava até mesmo romântico o fato de votarem na mesma sessão.

- Eu não transferi meu titulo, meu bem, porque o apartamento ainda é meu, e eu posso qualquer hora voltar a morar aqui também.

- Só por cima do meu cadáver, meu querido!

- Ah é desse jeito mesmo, provavelmente. Mas deixemos de lado... Sabe que seu candidato vai perder até para a mulher da onda verde não é? E, por favor, quem é essa mulher na balada??? Ninguém nem sabia quem era até ontem!

- Não faça eu perder meu tempo com suas bobagens, Jacinto Benedito. Antes uma “desconhecida” do que uma criminosa não é? Ou você, é um alienado que desconhece o passado da sua candidata? Que ela é uma guerrilheira, assaltante de banco, mandante de seqüestro. Já ouviu falar na revista Veja, meu amor, ou só as “figurinhas” da Playboy são a sua “leitura”?

- Antes uma mulher que luta de acordo aos seus princípios, do que a bichisse de um homem que corre e vai estudar no exterior quando tudo em seu pais está o caos.

- Já ouviu dizer que quem briga perde a razão? Enquanto sua candidata cometeu atos horrorosos, o meu candidato se preparava melhor para dar um futuro de bem a nossa nação. S – E – M P – R – E – C – I – S – A – R B – R – I – G – R – A – R . De forma inteligente, coisa, que você jamais compreenderá.

- A minha candidata querida, é exaltada no nordeste, pelo excelente trabalho que o governo faz por lá.

- Excelente trabalho, traduzindo, a boa vida do dinheiro fácil, sem que precisem trabalhar. Sabe que até eu penso em me mudar pro nordeste às vezes?

- Eu acharia ótimo! Finalmente poderia voltar para meu apartamento.

- Nosso apartamento Jacinto Benedito! Nosso.

- Estão te chamando, vá lá dar voto perdido no seu candidatinho de mierda.

- Oh quantos argumentos inteligentes meu bem... Você realmente me impressiona!

- Hey, por falar, em impressionante, tenho ingressos para o Bon Jovi essa semana, quer ir comigo? – por um momento até um certo brilho pousou nos olhos dele.

- Bon Jovi Bene?

- “Will love you, babe, always” – Ele cantarolou a musica Always.

- A nossa musica… Bene…

- PROXIMOOO. – uma mesaria irritada falou na porta enquanto observava os dois.

- Podemos comer uma pizza depois do show... e conversar um pouco. Sei lá, estava imaginando isso...

- Faz assim, me liga?

- Está bem. Nos falamos amanhã então.

Dito isso, ela seguiu para votar, e ele rumou para saída. E enquanto isso, a mesaria que havia ouvido a conversa praticamente inteira pensava... “Política é sempre assim no final todo mundo dança e acaba em pizza...”

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

COM QUE ROUPA EU VOU?

Beth Olga estava empolgada com a noite especial, não era sempre que o Ciro Tadeu aceitava sair para fazer um programa diferente, um jantar romântico, uma esticada na balada...

Olhava para seu guarda roupa e tinha a certeza absoluta que lá não teria nada que servisse para ocasião. Podia jurar que nenhuma das suas (muitas!) blusas ficariam boas com a saia que ela estava pensando usar.

- Banca ta pronta!!?? - "Banca" era de branquela na língua dos bestas apaixonados - Vamos logo! - gritou ele da sala em direção ao quarto

- Como assim Pleto? - "Pleto" era o jeito carinhoso besta apaixonada dela, por sua vez, chamá-lo. E nada tinha a ver com o tom de pele dele, uma vez que o mesmo era loiro. - Ainda to de toalha, nem comecei me arrumar. Pleto, não sei, não tenho roupa!

- Ah não começa Banca! Não começa! Você não tem roupa como eu não tenho vontade de ficar em casa.

- Não começa você Pleto, não começa! Nós vamos sair sim, está tudo combinado desde o ínicio da semana. Eu vou me arrumar rápido.

- Ah vai sim, vai se arrumar tão rápido que vai dar tempo de irmos de carona com o trenó do Papai Noel.

Ciro Tadeu começou a pensar enquanto ia à cozinha pegar uma cerveja, qual era o problema de simplesmente pegar qualquer blusa, qualquer saia e vestir! Até mesmo porque toda a finalidade desta noite era sexo! Ou seja, tirar a droga da roupa! Sim, porque para Ciro Tadeu sair para jantar, dançar, bla bla bla tinha um único e simples significado: Lingerie nova. Sim! Mulher adora colocar uma calcinha e um sutiã novo para ter uma noite especial!

- Pleti! - Sim, agora ela tinha dito "Pleti" era um derivado do diminutivo de "pleto" um jeito preguiçoso de falar "pletinho" - Se eu colocar a bolsa azul turquesa vai ficar feio com minha calça cenoura? - perguntou ela manhosa.

"WHATAFUCK é a cor turquesa?" Pensou ele, mas não ousou externar... Mas ela havia falado em azul, sendo assim fazia ele lembrar da camisa do Cruzeiro. Ele não gostava do Cruzeiro, por conseqüência não gostava de azul. E falou também em Cenoura, "putzqueparila" ele não ia sair nem ferrando com uma mulher do lado vestida com uma calça laranja.

- Calça laranja Banca? Coloca uma saia - "sai mais rápido ui ui ui sexo! sexo!" o pensamento dele fervilhava.

- Que laranja Ciro Tadeu? Quem falou em laranja? Cenoura é o modelo da calça, é uma calça com o fundo mais folgado e pernas justas.

- Cagado mesmo?

- Ai como você é grosso Ciro Tadeu! Esquece, vou de saia.

"Saiaaaa!" sinônimo de sexo no carro será? Uma rapidinha antes da balada, coisa e tal, tal e coisa. E por falar em comer, Ciro Tadeu já estava faminto. Considerou se mais uma vez gritava para apressá-la ou se buscava algo na cozinha para beliscar e não morrer até a hora que conseguissem chegar ao restaurante. Achou prudente ir a cozinha beliscar algo.
Depois disso Ciro Tadeu ainda teve tempo de ver os melhores momentos da rodada do campeonato brasileiro no canal de esporte. Teve tempo também de ver o último bloco da novela. Tinha lido que a Diana ia contar o segredo de Gerson, queria mesmo ver isto. E por fim, cochilou. Após exata uma hora e doze minutos surge ela a sala. Com uma roupa que seguia o padrão dela. Com a maquiagem costumeira. Sua bolsa favorita e aquele maldito sapato que ela sabia que machucava o pé dela para dançar, mas que ela insistia em colocá-lo para sair, pois, era fashion.

- E aí ta bom? Gostou? Acha que vou passar frio? - perguntou ela dando a entender que qualquer titubeada dele na resposta ela voltaria para trás e começaria do zero.

- Nossa, meu amor, valeu a pena esperar você está muito linda! - ela já sabia de cór o que responder.

- Ai que bom, então vamos! - Beth Olga o puxou pela mão toda sorridente.

- Só uma coisa, Banca. Já vou avisar. Eu vou broxar.

- O QUE??

- Claro Banca, já vou avisando, vou broxar mais tarde... Olha que horas estamos saindo, vou beber, vou comer bastante porque to com muita fome de tanto te esperar, você também vai inventar de dançar. Trabalhei hoje Banca, to cansado. E ainda quer que a gente chegue em casa e transe? Não dá não Banca, vou broxar. Vai, vamos logo embora antes que fique mais tarde e a gente só consiga comer em uma loja de conveniência de um posto.


quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A GRAÇA DA DESGRAÇA

Eu havia escrito uma crônica costumeira, com um casal conversando sobre o horário político. Meu casal, como também conforme de costume, tinha nomes estrambólicos: Suellen Clara e Jonas Bruno. Eles riam dos candidatos e suas campanhas que em especial nessa eleição vinham recheada de bizarrices. Era uma crônica leve e que de forma bem sutil passava seu recado. E foi então, quando bem perto de postá-la, resolvi mudar tudo e falar realmente sério. Nunca a expressão: "É rir para não chorar" teve tanto sentido em nossa politica. O festival de alienação dos candidatos se proliferam durante os torturantes minutos da propaganda eleitoral ( Gratuita? Mas se tempo é dinheiro, eu estou perdendo o meu e me sentindo muito no prejuízo).Fico penalizada com pessoas que costumam afirmar: "Eu não gosto de politica." , "Eu nem quero saber de horário político" ou então "Eu quero mais é que o circo pegue fogo vou votar em qualquer palhaço". É a ignorância do despreparo mostrando sua cara. Não gostar de politica, é não gostar de si mesmo. Pois, é exatamente do seu futuro e da sua vida que estamos falando. Ou você não usa condução? Médico? Estudo? Você não vai ao supermercado e paga por cada produto que compra? Tudo que envolve a sua vida vem da politica. Do que a politica faz por cada área que você utiliza. Logo, sendo assim, se você faz uso disto, não reclame se caso se absteve de procurar pelo o melhor a conduzir a politica em seu país (cidade, bairro...). Dar risada é inevitável, mas compactuar é absurdo! É ceder a sua burrice e gritar ao mundo que você não sabe decidir pelo seu bem estar. Sabe viver apenas como formiga em um caminho demarcado sem questionar ou mudar de rumo. Você sabe o que pode acontecer se você eleger um candidato "engraçado" justificando que este é o seu protesto ao governo? A legislação prevê que dependendo do número de votos que ele leva, dá a ele o direito de levar consigo para o poder outros candidatos de seu partido. E então, aí que se faz o golpe, e caímos em mãos sujas (com ficha limpa ou não). O candidato laranja distrai o seu público, enquanto, os demais entram pelas beiradas na surdina. Aí está o seu protesto. O protesto surdo, mudo e de efeito contrário. Mas isso é algo que muitos nem tomam conhecimento, não é? Claro, não gostam de politica, como é que posso me esquecer? O palhaço Tiririca vem aí como apcie desta eleição. Esfregando na minha cara, na sua e de quem mais quiser a limitação do ser humano em suas escolhas. Claramente diz que a grande maioria não sabe o que um deputado faz. Mostra o seu desinteresse sobre o seu país, a sua vida e você ri disto. Mostra que está aqui para brincar com sua cara e dizer, com o perdão da expressão de baixo calão, que está pouco se ferrando para o que pode fazer por você, mas que sim, está disposto a ajudar, inclusive e principalmente a sua própria família. E você nisto? Você ri! Quero ver sua risada quando tiver seu parente assassinado e a lei não for feita, porque não tem dirigente competente para executá-la. Quero ver você rir quando tiver sua saúde completamente comprometida e alguém do sistema público lhe dizer que seu exame só pode ser marcado daqui a três meses, pois, o político que você elegeu nem tomou conhecimento do hospital que você precisa usar. Quero ver você rir da sua própria desgraça. "Pior que tá não fica?". Pague para ver, mas só não se esqueça que este seu pagamento é o prejuízo de muitos.

PS: Caso tenha interesse a crônica do casal segue logo no post anterior a este.

MELHOR PROGRAMA HUMORISTICO DOS ULTIMOS QUATRO ANOS.

Jonas Bruno sorria para tv esparramado no sofá, Suellen Clara logo imaginou que ele deveria estar vendo esses programa humoristicos que falam e fazem muitas besteiras enquanto umas mulheres seminuas rebolam ao fundo da cena.
- Meu bem, vem ver, vem ver! - chamou-a empolgado.
Ela suspirou desanimada, não querendo perder seu tempo com bobagens.
- Agora não amor, não gosto desses programas de humor, para mim não tem graça e eu preciso depilar meu buço.
- Não Sussuca! Não é programa de humor, ou melhor é, é o horário politico, meu amor vem ver, você vai morrer de rir!
Suellen Clara foi para a frente da tv, pois, conhecia bem seu marido, ele não pararia de falar enquanto não fosse ver o que ele queria mostrar. Na hora que ela chegou passava a propaganda de um politico que fazia relação de sua primeira candidatura com a primeira vez sexual de uma pessoa. Ela, realmente, não pode deixar de rir da ligação feita.
- Ai Joninho! Você pode achar isso engraçado! Isso é muito sério! É nosso futuro, nosso governo.
- Ah vá! Ah não! Ah vá. Olha esse, olha esse! Fala se não vai rir. - foi então que apareceu uma mulher vestida de forma bem provocante e apenas dizia: "Um beijinho" salientando assim o seu decote.
- Ahahaha uhhhh se eu não fosse casado, essa aí merecia meu voto heim, amor?
- Jonas Bruno! Que horror essa mulher aí que projeto poderia ter? "Juntas podemos acabar com a celulite da cidade!" - disse ela impostando a voz igual a candidata oferecida e não contendo o riso.
Em seguida surgiu na tela um cantor que seu último sucesso deve ter sido pelos meados de 2003, e nunca mais tinham ouvido falar. Por um segundo tiveram medo que ele cantasse seu jingle com a voz falha que o tempo castigou. Logo na sequencia, surge uma moça famosa pedindo votos, mas engana-se quem imaginou que ela era a candidata, pois, na verdade ela estava ali para falar pelo marido. Imagina só, votar em um cara que não tinha voz ativa nem em sua campanha, já que a sua esposa (famosinha) tinha que falar por ele , o que ele não faria no seu governo? Chegaram a conclusão que a expressão era justamente essa: "Não faria."
- Amor, amor... Você ta rindo mas fala para mim que não vai votar em nenhum desses absurdos que querem se eleger não é? O assunto é sério. E esses partidos espertinhos colocam um candidato assim para distrair (e divertir) o povo, enquanto isso, quando eleito ele leva uma leva de ladrões para dentro do governo.
- Ah claro que não Sussuca, é só bom pra rir, olha, olha, agora é o melhor: "Pusque eu vou lá resolver us coiso que ta tudo coisado, vota ni mim abestado!" Uhauahuahuaha muito bom, amor, assiste!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

NA ESTANTE


"Te vejo errando e isso não é pecado,
Exceto quando faz outra pessoa sangrar..."

Eu não me importo que esteja seguindo sua vida e seja como for que esteja seguindo... Mas me importa que isso faz uma bagunça no meu mundo. Importo-me que suas noticias ou a falta delas me enlouquecem.

“Te vejo sonhando e isso dá medo
Perdido num mundo que não dá pra entrar...”

Porque para você é assim, a nossa história é uma vida paralela, que as vezes chego a ficar em dúvida se você existe mesmo ou é apenas um fruto de minha imaginação. Pois, o seu “eu” de verdade acho que estou bem longe de conhecer.

“Você está saindo da minha vida
E parece que vai demorar...”

Estou te vendo na porta de saída e desta vez sem muitas despedidas, porque sempre que nos falamos adeus você acaba voltando... Será que agora então é para sempre?

“Se não souber voltar ao menos mande notícias.”

Então, se não for pra voltar apenas me diga o porquê que não demos certo nunca. Diga-me seus motivos para ir de vez.

“Cê acha que eu sou louca
Mas tudo vai se encaixar...”

Você sempre soube que eu era exatamente o que te completava, e por isso, talvez isso te assustasse tanto. Você sabe que depois de toda nossa loucura, a vida nunca mais será mesma. Você sabe, não é? Mas eu espero muito que a gente fique em paz. Cada um esteja onde estiver.

“Tô aproveitando cada segundo
Antes que isso aqui vire uma tragédia”

Eu nunca parei minha vida por você e não seria agora que viria fazer. Eu nunca levei a sério suas brincadeiras de fazer planos que eu seria a mãe dos seus filhos. E ainda bem que não o fiz, não é? Hoje eu sei que a história não foi mesmo esta.

“E não adianta nem me procurar
Em outros timbres, outros risos.”

Infelizmente, agora você será sempre esta sombra em minha vida. A história que eu vou carregar como um fardo. O segredo que vou guardar em minha gaveta, e tentar me livrar da chave. Mas sabemos que nada vai ser igual.

“Eu estava aqui o tempo todo
Só você não viu”

Tivemos tudo para dar certo e só você não quis. Tivemos tudo para ser o encaixe e só você não entendeu. Ou não quis entender.

“Você tá sempre indo e vindo, tudo bem
Dessa vez eu já vesti minha armadura”

Será que você percebe que eu nunca corri atrás de você? Será que você nota a minha luta para ser forte comigo mesma? Desta vez, fique sabendo, estou cada dia mais certa que você não deve mesmo mais voltar.

“E mesmo que nada funcione
Eu estarei de pé, de queixo erguido”

Seja você também decente e pare de agir como um vicio! Porque estou muito perto de me curar.

“Depois você me vê vermelha e acha graça
Mas eu não ficaria bem na sua estante”

E tudo em você já não me provoca mais os mesmos sorrisos, pois, já não há graça em ser seu brinquedo. Já tem um tempo que eu não estou mais a sua disposição.

“Só por hoje não quero mais te ver
Só por hoje não vou tomar minha dose de você”

Você vai ver, eu vou me curar. Eu vou me livrar de suas amarras.

“Cansei de chorar feridas que não se fecham, não se
curam”

Já não há mais espaço em minha vida para suas histórias. Para sua diversão momentanea que em um momento ou outro me machuca.

“E essa abstinência uma hora vai passar...”

Hoje estou expondo a minha vida para gritar para o mundo e te arrancar de dentro de mim. E você há de sair... Mais cedo, porque já não há de ser tarde.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

O SEQUESTRO AMIGO

Talvez Joanna Lyvia não se desse conta o que exatamente era morar em São Paulo. Porque para ela os dias seguiam iguais, por mais, que os jornais noticiassem todos os dias tragédias. Tudo era uma realidade bastante distante que pertencia só ao Datena, Cidade Alerta e esses programas sensacionalistas do mundo do crime.

Estava saindo do seu trabalho e como de costume seu amigo, Jacinto Leudimar, ofereceu-lhe carona. Moravam próximos e a conversa no carro ajudava a aliviar a tensão do trânsito.

Tudo transcorria tranqüilo como sempre, até o farol de uma rua um tanto quanto deserta fechar... Foi quando o carro deles foi abordado por dois homens.

E, desde então, foi uma sucessão de gritos e susto.

- Vá pra lá, vá pra lá, passa pra trás, passa, eu te desço berro maluco, faz o que eu to mandando, faz logo porra!

Praticamente jogaram Joanna Lyvia para o banco de traz, e enquanto um tomava a direção do Jacinto Leudimar, o outro se posicionava ao lado dela.

- Ae, irmão, a parada é a seguinte, a gente só que dinheiro falow? Não quero machucá ninguém, não queremo nada alem de grana, firmeza?

Enquanto o que dirigia falava, o outro já estava a mexer na mochila de Joanna Lyvia.

- Ah mas perae, meu brother, olha isso aqui – tirou de dentro da mochila um monte de maquiagens e um perfume novo. – Mas minha neguinha vai ficar muito cheirosa desse jeito. Qual é tua graça moça?

- Joanna Lyvia. – Ela falou num fio de voz com muito medo de tudo que estaria por vir.

- Então Joanninha, a parada era essa memo, só queríamos grana, mas não vai dar pra ficar vacilando com esses podrutos aqui né não? Minha nega vai ficar é feliz hoje. É hoje que eu me dou bem Farinha.

- Hey, levem logo o dinheiro só libera a gente...

- Calma ae, irmão, vamo saca o dinheiro lá nas quebrada, ta achando que a gente é otário??? Vai tirar o dinheiro na frente de bacana??? Calma ae. Tamo de boa aqui, ninguém vai machuca vocês. A gente só ta fazendo nosso corre, segunda-feira temo que dá 30 mil pau pros coxinhas mano. Ta achando que é brincadeira? O baguio é doido rapá. Se não moía a mão dos homi eles pega nois de novo.

- Vocês vão pagar a policia para ficarem livres? – Joanna Lyvia não conteve a pergunta

- Manow cê é loca? Aquilo lá é podridão veio. Quem não faz o corre acorda com formiga na boca! Se acha memo que a gente gosta dessa vida? Mas emprego a gente não arruma sendo que já fomo cadeiero, e aí? A neguinha ta La em casa esperando pra dar de come pros muleke, manow.

O outro só ouvia e se dirigia em silêncio para a “quebrada”, até que resolveu falar.

- Seguinte, nois não é ruim, ta ligado? Ruim é o sistema. Ruim é o governo que não da oportunidade pra quem que trabalha, se você tem dinheiro você trabalha, se não tem, você se fode. Nois ta no corre por isso ae. E olha só, vocês não podem fazer isso aí que vocês fizeram. Fica vacilando em São Paulo, manow? Ta louco? Não pode da uma brecha dessa. Eu, por mim, nem queria leva a grana de vocês, tão aí de boa, não reagiram, mó parceria de confiança, mas vocês entendem nosso corre né? Se vacilar, a gente tem que abordar a vitima memo. Faz aquela cara de mano mau e vamo que vamo. – Neste momento ele fez a cara idêntica da aborgem.

- Pode crer... A globo ta de perdendo heim? – Jacinto Leudimar pensativo acabou concordando distraido. E recebeu um sorriso satisfatório do ladrão.

- Como parceria de confiança? Vocês estão nos roubando! Não posso confiar... – Joanna Lyvia ainda era sã.

- Poxa, faz sentido... – O ladrão ao seu lado também concordou distraído.

A conversa transcorreu ainda por mais uns 40 minutos. Contaram como eram feitos os crimes, a forma de abordagem, da “neguinha”, dos “muleke”, de como foi na cadeia... Até que chegaram ao caixa, pegaram todo o dinheiro que tinha na conta deles, se despediram recomendando-os para não vacilar mais. E ainda na despedida, lamentou-se:

- Pena que a gente se conheceu nessa pegada, porque se não irmão, agente seria até brother heim.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

SÓ CASANDO!

Juliany Ferdinanda estava deitada na sua cama, com seu pijama Cor de rosa, as pernas pra cima e falando no telefone:

- Ai “abigãã” cansei sabe? Cansei! Eu quero amar alguém de verdade. Eu já estou numa idade que não posso mais brincar de delivery! Ligar para “aquele amigo” disponível e me satisfazer apenas. O ultimo que chamei, o Lucão, veio me dizer: ‘ Ai Ferdy borá colá numa rave nesse findi veio”. “Véio” abigã?? Veio é corno do pai dele! “Colá” numa rave?? Vê se eu tenho idade pra isso... Eu preciso ser convidada para jantares, para exposições, para lançamentos de livros. Não pra colá na rave!

Juliany Ferdinanda ficou em silencio por uns segundos escutando algo que sua interlocutora lhe dizia.

- E não é abigã? Não dá mais pra mim. Preciso estrutarar minha vida. Preciso ter paz. Não preciso mais de “paus amigos”. Preciso de conta bancaria amiga. Estabilidade amiga. Companherismo amigo. Na alegria e na tristeza. Sabe? Não os mesmos “é o que tem pra hoje” da vida!!!

Fez-se mais um momento de pausa. Juliany aproveitou para analisar se o esmalte do pé já precisava ser trocado, enquanto ouvia a opinião de sua amiga.

- Pois então, é isso mesmo, a gente tem que sacudir, senão o tempo passa abigã e baw baw! Never More! Eu não vejo a hora abigã, mas não vejo mesmo sabe do que? Adivinha. – houve uma parada dramática, daquelas do tipo que não é para pessoa exatamente responder, é apenas para que fique mais curiosa. – Do primeiro beijo!!!!! Você lembra abigããã! Lembra como é a sensação?? Conhecer alguém novo, aquele olhar tímido, aquela palavra de incentivo velada, a respiração que falha e então... O PRIMEIRO BEIJO! Aiii frio na barriga só de pensar abigã. Explorar uma boca diferente... como é que beija. Uiii me dá coisinhas. Ai abigã, acho que vou ligar pro Lucão essa semana, acho que to precisando. Mas foco, abigã. F O C O ! Nada mais de casinhos antigos que não nos levam a lugar nenhum. Agora que romance que me leve a algum lugar. Leve-me a Paris, por exemplo!

Mais uma vez Juliany Ferdinanda calou-se e deixou que sua amiga falasse. E enquanto concordava balançando a cabeça para o que escutava, também procurava pontas duplas em seu cabelo...

- Ah abigã... Eu sei que o negocio agora é renovar. Não, eu não vou mais ficar com os mesmos caras que me enchem o saco há tanto tempo e não me assumem e não me amam. Não se importam de verdade comigo! Só por que são gostosos? Só porque tem pegada? Ai e que pegada né abigã, meu Deus, tremo só de pensar na mão do Lucão. Aiiiiii FOCO abigã, vamos FOCAR! Vou pedir pra minha mãe rezar com mais ênfase pra que me arrumem um homem bom! Apesar de quem gosta de homem bom é seminário né? Mulher tem o defeito imenso de gostar de homem que não presta. Mas eu vou mudar abigã, eu vou mudar. Escreve aí! E não é pra escrever a lápis não... Escreve a caneta tinteiro minha querida!

Deixou mais uma vez sua interlocutora falar e enquanto isso retirou as bagunças de cima da sua cama... Riu alto e voltou a dizer:

- Escreve, to te falando, escreve que a partir de agora Juliany Ferdinanda só fica se for pra casar! Agora deixa eu ir domir abigã... Vou amanhã as 06hs andar de bicicleta no parque. – ficou muda por um minuto e tornou a responder – Como pra que abigã? Já esteve num parque bem cedo? Minha querida acorda pra vida. Parque bem cedinho é o que há! Só os médicos correndo. Os advogados andando de bicicleta. Os engenheiros fazendo caminhada, meu bem! Parque a tarde só tem vagabundo, mas de manhã só pretendente forte a marido!!! Abre o olho amiga, abre o olho que eu to te dando essa letra de bandeja heim...

quarta-feira, 30 de junho de 2010


AINDA MORRO DISSO.

Sinto-me como estivesse começando um testemunho de igreja ou então um depoimento no AA. É como se confessasse algo que é proibido, mas não acho que realmente seja. São 23hs e acabo de chegar do trabalho. Acabo de chegar do escritorio que entrei as 08hs. Uma rotina normal em minha vida.

Trabalho com eventos e como vocês devem imaginar é um trabalho de horários diversos, acontecimentos inesperados, resoluções rápidas. E claro, tudo para ontem, quando não, para antes de ontem.

Moro sozinha, pago minhas contas e (infelizmente) não venho de família rica, o que não me dá muita opção, a não ser a de trabalhar. Pois, se não trabalho, as contas acumulam. A comida não chega a mesa. A vida não acontece. O que mais eu poderia fazer?

São Paulo também ajuda a vida ser corrida. Ajuda os horarios nos pressionar. O transito nos enlouquecer.

Tem mais ou menos um mês adoeci por conta do stress. Não falo de uma simples baixa imunidade que me causou uma gripe. Falo de uma convulsão e 10 longos dias sem me levantar de uma cama, sem voz para falar, sem poder comer e até para beber água chorar de dor. Culpa minha? Será que eu pedi mesmo para ter um colapso? Meu corpo pediu? Pode ser que sim, mas não é propositalmente que hajo.

Você deu a sorte de ter a profissão da sua vida? Eu dei. E toda vitória, tem uma batalha. Toda conquista tem um preço. Porque não seria eu a pagar? Pago sem medo. Sem arrependimento. E por mais que venha parecer clichê: a vida é feita de escolhas. Você pode escolher ter uma vida comoda ou você pode ir atrás do que você quer. Do que faz bem. Do que o fará feliz! Por que seria eu a escolher o mais fácil?

Trabalho porque gosto muito além do que preciso. Todos os dias olho as pessoas nas ruas indo para trabalhos que nunca quiseram para si e agradeço a Deus por estar em um lugar que me permite ser eu mesma! Que me permite fazer o que eu sempre quis. O que me proporciona estar exatamente onde eu queria estar. Sou eu então a errada de fazer o que eu quis fazer exatamente para estar aonde eu queria estar?

Não me arrependo e se um dia eu morrer disso, pode acreditar, estarei morrendo feliz. Ainda na semana passada desmaiei em plena Av. Brigadeiro Luiz Antonio. Acordei com mil pessoas em cima de mim , algumas ligando para resgate e um senhor orando para que o mal saísse do meu corpo.

E quer saber? É isso mesmo: “Livrai-nos de todo mal, amém”. Que a vida continue como tem que ser e que Deus nos proteja durante ela.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

CONTO DE FADAS MODERNO

Zenaide Leticia nunca podia imaginar o final da sua noite, pois, tudo estava dando errado. Pense assim em tudo! A balada estava cheia de bebados. Seu amigo estava se “achando” demais. Sua amiga resolveu achá-la uma inimiga e dar stress de tpm. E para piorar no final da balada, após, pegar seu carro no valet, encontrou os vidros suados e os bancos reclinados. É preciso dizer mais alguma coisa?

Sendo assim, com tudo conspirando contra, ela decidiu que iria direto da balada para casa da sua mãe. Colo de mãe em horas assim era um ótimo calmante. Ainda que sua mãe morasse longe e ela estando sem dormir, achou que seria melhor do que ter que ir pra sua casa e ficar olhando para a cara da sua amiga que tanto tinha brigado nesta noite.

Rumo a residência materna no domingo com o sol já por raiar, ela seguia pelas ruas calmas, até no caminho, surpreendentemente o transito tornou-se lento em um ponto de uma grande avenida. Zenaide Leticia percebeu que era algo para ver que fazia que os carros passassem lentamente por uma certa altura da avenida. Quando foi na sua vez de passar pelo lugar o farol fechou e então ela viu o que se sucedia. Havia um rapaz muito bem vestido, bem apessoado, deitado na calçada. Assustou-se com cena, temerosa que o rapaz estivesse machucado. Ficou por uns segundos confusa se prestava assistência ou não. E se fosse uma armadilha? Uma isca para assalto? Mas seu lado cidadã falou mais alto. Estacionou, desceu do carro e cuidadosa se aproximou do moço. Chamou-o algumas vezes e por um momento temeu que ele estivesse realmente desacordado. Um mendigo também se aproximou da cena.

- Moço, ta tudo bem? – Zenaide Leticia insistia.

Pela primeira vez ele deu indicios de estar ao menos acordado, abriu os olhos, a mirou e fez uma cara de pouco caso, como se dissesse: “Não me enche o saco.”

- Moço fala comigo, você está bem?

O rapaz vendo que seria ainda por um tempo importunado, levantou-se, bateu a poeira da calça... Olhou para ela e resmungou que tudo estava bem.

Com ele assim de pé, e com o nervosismo de achar que ele estava machucado dissipado, Zenaide Leticia pode reparar que o misterioso homem da calçada era até que bem bonito. Tinha a cor do sol sobre a pele. Os cabelos pretos espessos...

- Você ta precisando de alguma coisa? Está passando mal? – curiosamente sentiu vontade de ficar por ali conversando mais um pouco com o desconhecido.

Sem ter muita opção o moço que não quis se identificar, deixou-se embalar por uma conversa. Disse que não lhe contaria o porquê de estar deitado na calçada. Que isso seria algo que talvez um dia ela viesse a saber, tudo que poderia adiantar é que ele tinha tido uma péssima noite. A mesma noite ruim que por coicidência ela também tivera. Conversaram sobre trabalho, pessoas, vida. Levaram a conversa para uma padaria próxima. Tomaram café da manhã e conversaram ainda mais. O papo fluia, assim como a hora passava sem que eles sentissem.

Quando o dia já estava alto, decidiram que tinham que ir pra suas casas, ela deu carona para ele que não morava muito longe. Se despediram com a sensação que faltava algo. Trocaram telefones timidamente. Mas mesmo assim a sensação de vazio não nos abandonou. Enquanto Zenaide Leticia estava apenas a uns quarterões para frente de onde o deixou, o telefone tocou.

- Sabia que fiquei com uma vontade louca de te beijar?

Com uma desculpa esfarrapada que tinha policia proxima a ela, ela embaraçosamente desligou logo sem nada mais dizer. Mas compartilhava da mesma vontade e foi com este pensamento que fez o retorno e seguiu rapidamente para onde havia o deixado. Encontrou-o novamente na calçada, mas desta vez em pé parado, sorrindo a esperando.

- Eu sabia que você voltaria. – com essas palavras puxou-a para fora do carro e longamente a beijou.

A história parecia loucamente romântica, e por dois meses, eles viveram um lindo conto de fadas... Isso até que a um certo dia, o Percival Romildo ligou para ela super feliz, dizendo que precisava lhe contar uma ótima novidade.

- Zele, eu voltei com minha namorada!!! – a voz dele era só euforia.

- Você o que? E eu? – Zenaide Leticia perguntou atonita.

- Você é minha amiga! Eu sempre vou ser seu melhor amigo. Nunca vou me esquecer o quanto você me ajudou naquela noite...

E diante a tal realidade, Zenaide Leticia resolveu entender que contos de fada não existem e principes encantados não surgem pelo caminho. .. Ah quanto o porquê do Percival Romildo estar deitado na calçada aquele dia isso é uma outra história, mas desde já os aviso não seria outro conto de fadas.


quarta-feira, 2 de junho de 2010


A CRIANÇA E A PARADA GAY.

O pequeno Wagner Welvio, de 7 anos, prestava uma atenção incomum para sua idade ao jornal da noite, onde passava uma matéria sobre a Parada Gay que aconteceria no próximo fim de semana em São Paulo.


- Filho, já já é hora de dormir, por que você não vai brincar mais um pouco? - Perguntou Rosineide Virginia ao seu caçula.


- Mãe o que é gay?


Rosineide Virginia parou de súbito e tentou absorver a pergunta inesperada. Gaguejou por um segundo, mas sabia no fim, que hora ou outra no mundo que viviamos teria que dar este tipo de explicação.


- Bem filho, veja bem, um gay...


- Não, mamãe eu sei que gay é homem que namora com homem. Mas porque chama assim?


- Você sabe? Como você sabe?


- Porque eu vejo TV.


Mais uma vez ela parou e mergulhou rapidamente em seus pensamentos. Questionou-se em silêncio se era uma boa mãe, porque que tipo de programas seu filho estava vendo para saber tal informação?


- Ah filho, eu não sei exatamente de onde vem a origem da palavra gay.


- Por que existe “Parada Gay” mãe? O que quer dizer? Quem tiver parado é gay? Eu vi que vai todo mundo na Paulista. Eles não têm tempo de se encontrarem e vão lá para se ver? E ser gay é normal mamãe?


- Não filho, não é que quem ta parado é gay...


- Ah bom, porque se não, não ia ter gay nenhum nessa parada, porque mostraram na TV que eles ficam dançando de fantasias engraçadas. Não tinha ninguém parado.


- E quanto a ser normal, todos têm que se preocupar em ser felizes. Se um rapaz namorar um outro homem e isso o fazer feliz, que seja. Isto será o normal dele.


- E por que tem pessoas que ficam xingando os gays, mamãe, se é normal?


- Porque tem pessoas que são bobas, preconceituosas. Não sabem aceitar alguém que é diferente delas.


O menino parou e pensou em silêncio por uns segundos.


- Vai ter um monte de juiz de futebol na Parada né mamãe?


- Nossa, filho, não sei, mas por que pergunta?


- O papai sempre fala quando vê futebol: “Esse juiz só pode ser gay!”

quarta-feira, 5 de maio de 2010


O QUE TODA MULHER MERECE

Juciley Arlindo era o que toda mulher deveria ter em sua nécessaire para o uso de emergência. Uso por vaidade. Ou pelo simples uso... O sem motivo. Sabe quando você vai ao supermercado e a caixa lhe pergunta: “Teve algum produto que você não encontrou que gostaria de adquirir?”. Você pensa e se pudesse responderia: “Juciley Arlindo”. Porque sim, alguém como ele deveria vender nas prateleiras dos supermercados para consumo livre das mulheres carentes.

Ele era um homem bonito, com seu porte chamativo. Alias, mais que bonito, ele era charmoso. Só que muito mais que charmoso, ele era simpático. Educado. Bom moço da porta pra rua. Garoto Mau do quarto para dentro. Cheiroso. O tipo para casar. Mas melhor que isso, o que sabia que era do tipo para casar e por escolha própria não fazia.

As mulheres, em sua maioria, nem sonhavam em deseja-lo só para si, porque ele em sua perfeição tornava-se digno de ser compartilhado com todas. Toda mulher merecia um Juciley Arlindo em sua vida. Mas as que infortunadamente se apaixonavam e tentavam o ter para si, não só perdiam as suas “visitas”, assim como de um jeito ou outro parte de sua amizade. E não te-lo nem como amigo era castigo demais para uma só mulher.

O elogio morava entre os lábios de Juciley Arlindo. O que você chama de gorda, ele chamaria de gostosa. O que você chamaria de TPM, ele chamaria de dengo. Onde você acredita ter crateras de celulite, ele vê uma pele de pêssego. Mas assim, com veracidade sabe? Como se de verdade apreciasse o que visse. Em cada uma de suas mulheres ele saberia enxergar aquilo que realmente a fazia desejável.

Com ele a mulher não precisava ficar pensando muito o que vestir, grandes produções, pois, para ele o que importa mesmo é o que está por dentro. E ele é bem capaz de lhe pedir com um jeito todo especial que vista a mesma roupa que usou da ultima vez, pois, achou que você estava linda daquele jeito. Para Juciley Arlindo, grandes produções eram compostas de seu sorriso e sua pele nua. Simples e sem segredo.

Juciley Arlindo era o tipo de homem que fazia qualquer fidelidade ser minada. Porque estar com ele não era pecado, era dádiva de Deus.

Juciley Arlindo na cama, era como ter mil homens diferentes. Pois havia dia que ele era o homem mais carinhoso do mundo, enquanto no outro era bastante capaz de deixá-La roxa com mordidas e tapas. Que mulher não precisaria disto?

Ter um deste na vida era altamente confortante. Tomou um pé na bunda, era só ligar para o Juciley Arlindo. Está carente, ligue para ele. Está feliz e quer comemorar? Juciley Arlindo para você! Ele está sempre ali, a sua disposição. A delivery. Como acessório de bolsa. Como segredo de bolso.