
Dulce Leila andava de um lado para o outro e repetia baixinho:
- Eu não vou. Eu não vou. Eu não vou, não.
Sandro Saymon suplicava ao céu paciência com sua esposa. Ali estavam eles na sala de embarque do aeroporto prontos para embarcar quando sua esposa surpreendentemente surtou e não queria mais ir a lugar algum.
- Buzunga, my honey, temos que ir!
- Temos nada! As únicas pessoas que realmente têm que ir são meus pais! São eles que vão “re-casar”. Ema-ema. Oh, oh nem aí se o resto vai. – ela falava e gesticulava com gestos de descaso.
- My girl, you know! Não é assim! – ele beirava o desespero – É importante para os pais ter toda a família em sua boda. Principalmente a filha. FILHA ÚNICA, Dulce Leila! For God Sake!
- E por que não fizeram aqui em São Paulo? – Ela o olhou falando muito sério.
- Porque eles moram na Bahia! Porque sua família é toda da Bahia! Plis, buzunguinha, o que acontece com você?
- Eu não entro nesse avião!
- I don’t belive! Zunga você nunca teve medo de avião.
Sandro Saymon desacreditava sua mulher nunca teve medo de vôos. Viajar para a Bahia era até corriqueiro.
- Buzunga, my dear, o avião é muito seguro...
- Foi exatamente o que disseram aos passageiros do 447!!!
- Ah ta explicado! Você está impressionada com este acidente, Darling. Fique tranqüila, nada vai acontecer, pense só na felicidade dos seus pais ao vê-la! Eu vou estar ao seu lado o tempo todo.
Dulce Leila olhou ressabiada como se pensasse na causa por um segundo, mas por fim tornou a dar o contra.
- Ah que romântico morreremos juntos. E-U N-Ã-O V-O-U. Tem papel e caneta Sandro Saymon?
- Não, por quê?
- Porque quero te fazer um desenho!
Dito isso, soou a última chamada para o embarque, eles se entreolharam tensos. Mas ela logo juntou suas coisas e saiu falando:
- Well my Love, eu vou para casa, mas se você quiser embarcar para Lost, a última chamada foi esta...