quarta-feira, 12 de março de 2008




SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A MORTE.



“À noite de 27 de Fevereiro era aparentemente calma, estávamos em casa (moro com mais três amigas) com um nosso amigo nos visitando. Riamos. Brincávamos. Até o telefone tocar. O segundo de silêncio ao que nosso amigo atendeu a ligação, precedeu o desespero. Tudo começou a girar numa velocidade estranha e mórbida. Ele estava recebendo a noticia que o grande, para não dizer o melhor, amigo dele acabava de morrer assassinado. Tanto ele, quanto uma de minhas amigas que moram comigo, trabalhavam com este rapaz. O clima foi de descrédito. E de profunda sensação de impotência. Por que meu Deus?”

A história que narro acima é realmente verdadeira. Aconteceu sob minhas vistas, em minha casa. E o caso que falo é do Alexandre Martins de Paula, de 25 anos, funcionário da TV Cultura morto em um seqüestro relâmpago por reagir. O episódio fez-me refletir.

Todos querem manter suas poses de bons cidadãos quando na verdade na prática tudo é muito relativo e hipócrita. O entendimento só cai sobre sua cabeça quando ela, a violência, literalmente bate a sua porta. E desta vez, aconteceu, dentro de minha casa.

A lei da violência é um ciclo vicioso do qual você, eu e outros fazemos questão de não sair de dentro. De alguma forma, todos acabamos contribuindo para isto acontecer. Seja com nosso silêncio. Seja com uma propina. Seja como o empresário que não dá oportunidade de trabalho ao mais humilde. Seja com um baseado que você fuma.

E este é o ponto chave que quero atingir. Uma minoria rouba porque os 5 filhos passam fome e não tem oportunidade na vida. A maioria rouba porque já está completamente
impregnado pelo mundo do crime, principalmente o mundo do tráfico. Alexandre Martins, não foi morto, porque quiseram pegar o carro dele emprestado para levar uma namoradinha no cinema. Foi morto, porque provavelmente, os infelizes cegos pelo vício “precisavam” roubar (e matar!!!!) para manter-se drogados.

E você, que fuma o seu baseado “inocente” está contribuindo SIM para este cenário permanecer real. Você compra alguns poucos reais de maconha, e por isso sente-se menos culpado. No entanto, se você não existisse e ninguém mais comprasse, esse sub-mundo estaria falido. Pois, é de grão em grão que a galinha enche o papo. Se todos pensassem: “Não sou eu que farei a diferença” o que seria de todos nós?

A sua vida depende de você, e o quão covarde vai ser de não assumir a sua responsabilidade na sociedade? O quão irá sempre pensar de se achar um ninguém ao mundo. Um cidadão sem voz. Um ser humano sem atitude? Quantos vão precisar morrer para você entender que parte daquele gatilho puxado veio de seu dedo. Por sua apatia. Por seu medo. Por sua indiferença já que não foi um dos seus que sofreu a violência.


Por favor, seja “a diferença”. Seja a favor da vida.

6 comentários:

Unknown disse...

sÓ DE IMAGINAR JA DA VONTADE DE CHORAR!!!
Mas a realidade é uma só, e temos mesmo que fazer algo, de alguma forma contribuir para que não recebamos mais esse tipo de noticia nem de amigos, parentes ou desconhecido.

Anônimo disse...

“Nenhum homem é uma ilha, sozinho em si mesmo; cada homem é parte do continente, parte do todo; se um seixo for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se fosse um promontório, assim como se fosse uma parte de seus amigos ou mesmo sua; a morte de qualquer homem me diminui, porque eu sou parte da humanidade; e por isso, nunca procure saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti”
John Donne

Que pena que só nos damos conta disso ao sermos tocados pela violência, como você disse. Como você.

Juliana Aidar Garcia disse...

É horrível mesmo, cada notícia que leio de tragédia, principalmente 'gratuita', da um aperto no coração, ainda neste caso sendo de conhecidos de amigos, eu hien, as pessoas estam cada vez mais perdidas !!!

LEEMAX disse...

Bem amiga, esse assunto é complicado...e não acho que seja unilateral...por que existem aqueles que são a favor da legalização...hoje, o Malboro que eu fumo, mata só a mim, a mais ninguém, por que tomo cuidado de não fumar em lugares fechados ou perto de não fumantes, sempre me afasto pra ter o prazer do meu vicio, vicio assumido e responsável. Então...quem planta pode?.... bjs
Leemax.

Anônimo disse...

Eu já tinha escrito 2 páginas girando em círculos para tentar achar uma resposta que estimulasse a reflexão real, consciente e pró-ativa sobre a tragédia que aconteceu e foi narrada aqui. Como eu não achava uma linha de raciocínio que equilibrasse volume de texto com conteúdo, liguei o foda-se e fui escrevendo. Gastei um tempo quebrando a cabeça com isso e acho que descobri o problema. Não o problema/causa/motivo do acontecido, esse eu nem me atrevo a julgar, mil coisas podem ter acontecido. Mas o problema da incapacidade em discutir de maneira plena um assunto como drogas e violência.

Vivemos em uma sociedade que consome cultura produzida em outros lugares, as pesquisas sobre drogas são distantes e imprecisas e em alguns casos tendenciosas.

A realidade é que as pessoas sabem POUQUISSIMO sobre drogas e seus impactos sociais. Ninguém se interessa e isso é comum por aqui. Ninguém se interessa por porra nenhuma. Brasileiro tem mania de apontar, criticar inflamar discutir... tudo com uma boa pizza no final.

Não dá em nada. Não dá em nada falar por exemplo que maconha não representa nem 9% da grana do tráfico. Também não dá em nada falar que o problema não é nada disso.

O problema imediato que podemos tentar atenuar para reduzir o impacto do sub-produto de consumo de drogas (a violência) é má educação e apatia generalizada dos usuários.

Hoje o Brasil vive um momento de cultura estuprada e ditada por uma boca só.
Pare e reflita de fato o que você; usuário ou não, sabe sobre drogas, tráfico e violência.

Se for sincero consigo mesmo verá que a resposta é nada ou quase nada além daquilo que passa no Jornal Nacional. A maioria das informações que recebemos vem pela globo. Uma maquina industrial que coloca quem quer no poder e manda no conhecimento desse país, e por conseqüência na opinião de 99% da população.

Acredito que esse momento deva ser um momento de reflexão revolta e pesar para as pessoas que perderam o querido amigo.

Na minha opinião, ele não morreu pelo tráfico, mas sim pela apatia de toda uma sociedade que não acredita que pode mudar hábitos, costumes e opiniões. Ele morreu porque a sociedade economicamente ativa que consome o santo-baseado-de-cada-dia também está morta.

Será que se maconha fosse legalizada isso teria acontecido?
Será que se todos que fumam um baseado no Brasil levantassem uma bandeira real, tivessem discussões reais, atitudes reais e um posicionamento sério sobre o tema já não teriam conseguido algo além de pura especulação e meia dúzia de passeatas?

Hoje o que se discute sobre maconha nas rodinhas de amigos beira o “achismo”. Falar que ela é responsável por violência já é uma coisa batida. Isso acontecia em propagandas americanas na década de 60 que tentavam bloquear o crescimento de consumo de maconha por medo de alguns perceberem o potencial do cânhamo que foi usado para imprimir a declaração de independência americana, as velas dos navios chineses e a estrutura e o combustível do carro orgulho máximo do Sr. Ford. (não acredita... olha o link aqui http://www.youtube.com/watch?v=4rgDyEO_8cI ).

Não quero ser conclusivo ou tendencioso, mas me vejo forçado a expor minha opinião:

Em geral, brasileiro maconheiro é um bando de pau no cú, incapaz de assumir uma posição/opinião diante de uma sociedade que o estupra moralmente baseada em conceitos perdidos no tempo, no espaço e na ignorância.

Acredito que o tráfico tem sim parcela de culpa sobre a violência, mas não acho que esse é o maior problema. O maior problema é ignorar, levar a vida adiante e continuar acreditando que as coisas não mudam. O maior problema é falar ó que absurdo como o tráfico é malvado e não enxergar a realidade da favela. A realidade da socieadade e os reais responsáveis. Que estão ali, no espelho mais próximo.

Dá pra fumar um bom baseado sem contribuir com o tráfico mas da trabalho e de fato quem gosta de trabalhar?

Eu gostaria de poder ser mais claro e objetivo, mas minha neurolinguística e preocupação com o tema “maconha e legalização” me impedem de ser superficial. Na seqüência vou colocar um post no meu blog sobre o assunto compartilhando algumas experiências...
Por enquanto, fica meus pêsames aos amigos e familiares do Alexandre Martins de Paula.

[ ] ´s

Anônimo disse...

Vim para discordar...Porém qual foi a minha decepção qdo cheguei aqui e tive de concordar!!!!rs
Eu teria de escrever um texto do tamanho deste comentário anterior para ser exata na minha opinião sobre a questão das drogas e quem é culpado e etc...Mas ñ farei isso com vcs, direi apenas que:
Quem usa qualquer tipo de droga (ilicita) está sim contribuindo para este estado de coisas ñ importa que desculpa dê...Se legalizar ou Ñ é a solução eu ñ sei, mas enquanto ñ acham a solução...Que tal cada um fazer sua parte?
Bjinhos Li
Helba